Desafios a serem enfrentados pelos gestores das Unidades Básicas de Saúde
A atenção básica se destaca pelo seu papel dentro do
contexto da saúde da população,
e que com o processo de descentralização, um dos princípios do Sistema
Único de Saúde (SUS), o seu gerenciamento tem se desenvolvido cada vez mais,
visto que a parcela de responsabilidade dos municípios tem crescido
respectivamente, aproximando a tomada de decisão da população adscrita e
aumentando a autonomia local, no entanto, ainda enfrenta diversos problemas.
Segundo
Silveira et al. (2010) a cobertura da saúde da família tem crescido bastante,
principalmente na região nordeste, bem como a participação dos conselhos
municipais de saúde também é crescente, todavia, algumas dificuldades de gestão
nesse nível de atenção foram apontadas quanto ao fato da maioria dos
profissionais verem a função de supervisão da gestão como algo normativo,
burocrático, advindo de reclamações e cobranças com produtividade e utilização
de recursos.
Outros
problemas como a descontinuidade das ações que muitas vezes necessitam de um
referenciamento para atenção especializada, e encontram desarticulação da Rede
de Atenção à Saúde e falta de estímulo dos gestores, impedindo a resolutividade
dos problemas de saúde da população e o processo de regionalização, também
podem ser apontadas.
Ohira,
Cordoni Junior e Nunes (2014) observaram que um fator que atrapalha os gerentes
das unidades é a sobrecarga de trabalho, onde os mesmos precisam desempenhar a
função de gestão além da assistência, congestionando o serviço.
Existem também os que precisam ter outro emprego para garantir
seu sustento, devido a precarização dos salários, que na maioria das vezes não
possuem Plano de Cargos, Carreiras e Salários, como também embora o número de
realização de concursos públicos para contratação dos profissionais tenha
crescido, a modalidade de contratação por indicação ainda prevalece e prejudica
a continuidade das ações devido à rotatividade dos profissionais, facilitando a
contratação e demissão de funcionários.
Outra
dificuldade entre os gestores é a falta de experiência na área. Segundo
Silveira et al. (2010) a porcentagem de coordenadores Atenção Básica ou da
Estratégia Saúde da Família que já tiveram experiência em gestão antes de
ocupar os seus cargos ainda são baixos, o que pode travar a resolutividade de
problemas ou a agilidade das ações.
Outro ponto é a escassez de treinamentos ou capacitações
para melhorar ou aperfeiçoar suas atividades, que mesmo havendo qualidade ou
durabilidade deixam a desejar. A falta de formação adequada também é um
problema a ser enfrentado. A maioria dos profissionais que ocupam o cargo de
gerência das unidades de saúde, embora possuam especialização em saúde da
família ou saúde coletiva, não possuem cursos na área de gestão. Ohira, Cordoni
Junior e Nunes (2014) destacam que é preciso aliar conhecimento, habilidades e
experiências para a gestão em saúde em conformidade com os princípios do SUS.
Hoje as necessidades são distintas, tornando-se
indispensável uma adequada formação e aquisição de competências para ocupar
tais cargos, por isso, é algo que deve ser melhorado através de educação
permanente ou curso de qualificação e aperfeiçoamento, podendo ser ofertados e
incentivados pelos gestores municipais ou de maior instância.
Todos esses problemas apontados afetam diretamente na
gestão desempenhada por esses profissionais e consequentemente no andar do
serviço.
Percebe-se a necessidade urgente da criação das
atribuições dos gestores das unidades, estabelecendo suas competências e
responsabilidades, além de promover discussões a respeito dos problemas para
conseguir melhorias que reflitam na saúde da população. Embora os avanços na
atenção básica à saúde sejam consistentes, são vários os problemas de gestão,
que se traduz negativamente na efetividade das ações desenvolvidas por esse
nível de atenção. Assim, mudança no processo gerencial é imprescindível e a
adoção de estratégias transformadoras são indispensáveis para que todos possam
sair ganhando e saúde de qualidade possa ser permanente.
Referências:
ANDRÉ, A.M.A.; CIAMPONE, M.H.T.; SANTELLE, O. Tendências
de gerenciamento de unidades de saúde e de pessoas. Rev. Saúde Pública. São Paulo, v. 47, p. 158-63, 2013.
OHIRA, R.H.F.; CORDONI JUNIOR, L.; NUNES, E.F.P.A. Perfil
dos gerentes de Atenção Primária à saúde de pequeno porte do norte do Paraná,
Brasil. Ciência & Saúde Coletiva.
v.19, p. 393-400, 2014.
SILVEIRA, D.S.S. et al. Gestão do trabalho, da educação,
da informação e comunicação na atenção básica à saúde de municípios das regiões
Sul e Nordeste do Brasil. Cad. Saúde
Pública. Rio de Janeiro, v.26, p. 1714-26, 2010.
WEIRICH,
C.F. et al. O trabalho gerencial do enfermeiro na rede básica de saúde. Texto Contexto Enfer. Florianópolis,
v.18, p. 249-57, 2009.
Texto elaborado pelo Acadêmico de Enfermagem Mike Douglas e pela Professora Me. Fabiana Ferraz.
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