A utilização de “jogos de regras” como metodologia cuidativa-educacional em intervenções com crianças e adolescentes

É notável perceber que no contexto de uma sociedade complexa, onde as informações avançam a velocidades consideráveis e o desenvolvimento causado pelo avanço das ciências e tecnologias tem sido cada vez maior, a utilização de metodologias cuidativas-educacionais diferenciadas daquelas ditas depositárias de informações torna-se indispensável no fazer pedagógico. Alguns estudiosos como Piaget e Vygotsky defendem que o ser humano não nasce pronto e acabado e nem que é apenas resultado das relações diretas com o meio, e rejeitam tanto as teorias inatistas, como as ambientalistas. Para estes autores, a formação do homem acontece a partir de uma relação dialética entre este e a sociedade na qual ele vive. Isso posto, observamos que as aprendizagens dependem de um contexto promissor, constituído por metodologias significativas, materiais didáticos alternativos, relações harmoniosas e interativas entre os componentes do processo, e ambientes acolhedores.
(Fonte: Acervo do próprio autor.)
O jogo é concebido e utilizado para o atendimento de diferentes metodologias e finalidades. Este texto busca apresentar o jogo, especificamente o jogo de regras em Piaget (1975), como alternativa para romper paradigmas educacionais ainda estagnados em um modelo reprodutivo e pouco criativo, e como um reposicionamento de práticas pedagógicas capazes de atender às necessidades e expectativas da sociedade atual.

Piaget apresenta-nos três tipos de jogos: 1. Jogos de Exercício; 2. Jogos Simbólicos; e 3. Jogos de Regras. Resumidamente podemos dizer que os jogos de exercício caracterizam-se pela repetição, pelo próprio prazer de brincar e por ser um gesto natural da criança nos primeiros anos de vida. Já os jogos simbólicos trabalham com os símbolos e as fantasias e despertam a criatividade e a imaginação na criança. Não tem regras fixas, são bastante flexíveis. São chamados também de jogos de “faz-de-conta”. Já os jogos de regras têm como principal característica a inclusão de regras fixas. As regras são fundamentais para que a criança e o adolescente desenvolva o raciocínio lógico, mas igualmente desenvolva a dimensão afetiva e social. Ao apresentarmos as regras de um jogo estamos intencionalmente propondo que os participantes desenvolvam comportamentos exigidos pela sociedade (exemplo: tolerar frustrações, saber lidar com a competição e convívio social).

Os jogos de regras são primordiais quando falamos no desenvolvimento de tecnologias cuidativo-educacionais, pois ao se elaborar um jogo de regras há a necessidade de se cumprir objetivos claros, que se alcancem estes objetivos, que existam intenções opostas dos competidores e que haja a possibilidade de cada competidor levantar estratégias de ação, ou seja, sem o envolvimento dos participantes não há a possibilidade de realização do jogo. Num jogo de regras os sujeitos são participantes ativos e protagonistas da atividade proposta, não são meros expectadores do processo educativo.

Portanto os jogos em geral são ferramentas metodológicas preciosas para o ensino. Especialmente os jogos de regras, se constituem como uma mola propulsora para a construção de conhecimentos dentro de um clima lúdico, prazeroso e motivador para os que deles participam.

Referência
PIAGET. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975.

Texto elaborado pela Professora Doutora Silvia Carla Conceição Massagli da Unidade Acadêmica de Educação.

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