Rede cegonha: possibilidade para o parto sensível e humanizado

Atualmente, um dos grandes problemas enfrentados por milhares de mulheres gestantes e profissionais da saúde que atuam na área obstétrica é o não incentivo ao parto vaginal e principalmente a violência existente durante todo o período de preparação para o parto e nascimento da criança. Diante desse contexto, percebeu-se o fomento ao parto cesariano ao longo dos anos e em contrapartida, o declínio das ações humanizadas e sensíveis.
(FONTE:gazetadocerrado.com.br/2017/05/17/hospital-de-gurupi-deve-garantir-parto-humanizado-recomenda-mpe/)

A violência obstétrica é caracterizada por qualquer tipo de agressão sofrida pela mulher durante seu período gestacional e nascimento da criança. Essa violência, que ocorre diante da vulnerabilidade da vítima, é legitimada por meio de agressões verbais, utilização inadequada de tecnologias e procedimentos, negligências e descriminações sociais, físicas e psicológicas (ANDRADE et al., 2016).  

Diante desse contexto, o Ministério da Saúde (MS) vem se preocupando com essa situação desde a década de 80, investigando novas possibilidades para a reformulação do modelo assistencial prestado a essas mulheres, em busca do parto mais humano e sensível. Com base nisso foi proposto pelo MS uma reformulação do modo de cuidado oferecido durante o parto visando, principalmente, assegurar os direitos das mulheres por partos mais humanizados e da criança nascimento seguro (MEDEIROS et al., 2016).

Neste caso, criou-se então a Rede Cegonha, regulamentada nacionalmente pela portaria nº 1459 de 24 de junho de 2011, que visa garantir atendimento seguro e de qualidade, com completo acompanhamento familiar e gestacional, atuante desde o período pré-natal, parto e nascimento, puerpério até a atenção à saúde da criança de 0 à 24 meses.

A rede cegonha, considerada como inovação nas práticas de saúde materno-infantil, foi criada principalmente com o intuito da consolidação das praticas humanizadas e de planejamento familiar oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Fernandes et al., (2014), essa criação ocorreu devido ao crescente protagonismo da necessidade do cuidado entre a mãe e a criança, interferindo diretamente na saúde da população.
O processo do nascimento de uma criança é fisiologicamente natural, tanto para o corpo da mulher como também para criança que terá o primeiro contato com o meio externo desconhecido (VARGENS et al., 2017). Por isso, o profissional que a acompanhará deverá contribuir para que esse processo aconteça da forma mais natural possível, contribuindo para que mãe e filho sejam os únicos protagonistas desse evento, oferecendo assim, espaço para que ali sejam criados os primeiros laços familiares.

Mesmo com todas as orientações, incentivos oferecidos e criação do programa em questão, a incidência de partos cesarianos cresce significativamente no Brasil e no mundo, sobressaindo cada vez mais os partos vaginais, que em sua grande maioria também não é realizado segundo as normas estabelecidas, desconsiderando grande parte dos estímulos ao parto mais humanizado e sensível.

Referências
ANDRADE, P. O. N.; SILVA, J. Q. P.; DINIZ, C. M. M.; CAMINHA, M. F. C. Fatores associados á violência obstétrica na assistência ao parto vaginal em uma maternidade de alta complexidade em Recife, Pernambuco. Rev. bras. saúde matern. infant., Recife, v. 16, n. 1, p. 29-37, jan./mar. 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conheça a rede cegonha. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/rede_cegonha.pdf>. Acesso em: 15 de jun. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Decreto nº 1459 de 24 de junho de 2011. Rede Cegonha. Brasília, DF, jun. 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1459_24_06_2011.html>. Acesso em: 16 de jun, 2018.

FERNANDES, R. Z. S.; VILELA, M. F. G. Estratégias de integração das práticas assistenciais de saúde e de vigilância sanitária no contexto de implementação da Rede Cegonha. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro.  v. 19, n. 11, p. 4457-4466,  nov.  2014.

MEDEIROS, R. M. K.; TEIXEIRA, R. C.; NICOLI, A. B.; ALVARES, A. S.; CORRÊA, A. C. P.; MARTINS, D. P. Cuidados humanizados: a inserção de enfermeiras obstétricas em um hospital de ensino. Rev. bras. enferm., v. 69, n. 6.: p. 1029-36. 2016.

VARGENS, O. M. C.; SILVA, A. C. V.; PROGIANTI, J. M. Contribuições de enfermeiras obstétricas para consolidação do parto humanizado em maternidades do Rio de Janeiro – Brasil. Esc. Anna Nery Rev. Enferm., Rio de Janeiro, v. 21, n. 1,  e20170015, 2017.

Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Raquel Rocha e pelo Prof. Dr. Marcelo Costa.

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