Depressão entre universitários: discussões frente às dificuldades de lidar com frustrações

A exigência continua da vida universitária demandam muito empenho e habilidade física e mental por parte dos estudantes. Tais demandas podem desenvolver sentimento de frustração, que por sua vez acarreta no desenvolvimento ou acentuação de sofrimentos subjetivos, dentre eles a depressão.
(FONTE: gazetadopovo.com.br/ra/mega/Pub/GP/p3/2012/07/09/Educacao/
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Segundo Silva e Guerra (2014), a depressão é um transtorno afetivo de bastante relevância social, no qual durante seu desenvolvimento ocorrem alterações de afeto e/ou humor. Tal transtorno esta comumente relacionado ao decréscimo da qualidade de vida e inaptidão cognitiva e funcional, em virtude da sintomatologia da própria doença, que se apresenta por tristeza constante e proeminente, diminuição da autoestima, autoconfiança, apetite e sono, redução da energia e da capacidade de concentração, apatia, fadiga, culpabilidade e perda de interesse nas atividades. 

Estima-se que cerca de 15% a 25% dos acadêmicos de nível superior exibem um certo tipo de transtorno mental durante sua formação. Os transtornos mais frequentemente identificados dentre esse grupo é o de ansiedade e o depressivo, no qual abre-se destaque para o ultimo citado por sua relação com o aumento de taxa de suicídio deste público (VASCONCELOS et al., 2014).

Mesquita et al. (2016) em sua pesquisa realizada em uma universidade do Mato Grosso, observou predominância acentuada entre os universitários do sexo feminino que estavam nos períodos iniciais dos cursos na área de saúde à desenvolver o transtorno depressivo. Além disso identificou que dentre os sintomas característicos de depressão, predominou nos estudantes os sentimentos de tristeza, inferioridade, desanimo, cansaço, irritação e indecisão, sentimentos estes que os estudantes tem dificuldade de lidar. 

De acordo com os autores supracitados, grande parte dos universitários sentem dificuldade em repousar no período da noite, com isso necessitam de empenho maior para concretizar as tarefas diárias, o que pode causar sentimento de cansaço, desanimo e frustrações. Ainda é importante destacar que além de todos os sintomas relatados pelos participantes, alguns ainda apresentaram pensamentos suicidas, o que acarreta maior preocupação, visto que as taxas de mortalidade por suicídio vêm aumentando consideravelmente. 

De acordo com essas estatísticas, Padovani et al. (2014) destacam a importância de refletir sobre o processo de ensino-aprendizagem, assim como repensar no modo que as atividades acadêmicas são distribuídas durante o todo o curso. Ainda se ressalta a necessidade de inserir e divulgar serviços de suporte à saúde mental para ajudar os estudantes á lidar com seus sentimentos de angustias e frustrações, principalmente relacionados às atividades da universidade. Tal serviço além de auxiliar o estudante no desempenho cognitivo fornece apoio aos casos já existentes de forma a minimizar seus agravos, ao mesmo passo que contribui para a prevenção de novos casos, fortalecendo medidas saudáveis e realçando o potencial dos estudantes de lidar com o desgaste da saúde mental.

Dessa forma ainda é possível perceber que a saúde mental dos estudantes ainda é pouco debatida no ambiente acadêmico, remetendo-se a pensar na necessidade de estudos acerca da vulnerabilidade deste público às doenças mentais, a fim de destacar fatores que estão associados e trabalha-los como base para a criação de programas intervencionistas que sejam capazes de minimizar as taxas de depressão e suicídios entre os universitários.

Referências
BOLSONI-SILVA, Alessandra Turini  e  GUERRA, Bárbara Trevizan. O impacto da depressão para as interações sociais de universitários. Estud. pesqui. psicol.. v.14, n.2, p. 429-452, 2014.

MESQUITA, Andressa Medrado et al. Depressão entre estudantes de cursos da área da saúde de uma universidade em mato grosso. Journal Health NPEPS. v. 1, n. 2, p. 218-230, 2016.

PADOVANI, Ricardo da Costa et al. Vulnerabilidade e bem-estar psicológicos do estudante universitário. Rev. bras.ter. cogn. v.10, n.1, p. 02-10, 2014.

VASCONCELOS, Tatheane Couto de et al. Prevalência de Sintomas de Ansiedade e Depressão em Estudantes de Medicina. Revista brasileira de educação médica. v. 39, n. 1, p. 135-142, 2015.

Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Ariane Moreira e pelo Prof. Dr. Marcelo Costa.

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