A utilização de jogos como ferramenta para promover uma aprendizagem significativa em crianças autistas
Segundo
a Organização Mundial da Saúde (2017) o transtorno do espectro autista (TEA)
compreende a uma série de condições caracterizadas por algum grau de
comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por
uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e
realizadas de forma repetitiva. Setenta
milhões de pessoas em todo o mundo são autistas, uma em cada 160
crianças tem transtorno. Deste modo, instituir ação inclusivas nas escolas se
faz necessário de forma a garantir o direito ao ensino (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2019).
(FONTE: https://oimparcial.com.br/noticias/2019/04/dia-mundial-da-conscientizacao-autista/)
Conforme o art. 54 do Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) é obrigação do Estado garantir atendimento
educacional especializado às pessoas com deficiência uma vez que toda a criança
e adolescente têm direito à educação para garantir seu pleno desenvolvimento
como pessoa. Segundo Ferrari (2015) inserir alunos autistas de qualquer grau, no ensino, é garantir o direito
de todos os cidadãos brasileiros à educação.Para que esse direito seja
garantido é importante a inserção de políticas de inclusão escolar que busque
perceber e atender às necessidades educativas especiais de todos os alunos. Nesse
contexto, o uso de jogos educativos pode ser implementado como estratégias para
promover a inclusão de crianças com autismo, promovendo um ensino
significativo.
Estudos comprovam que o convívio
de crianças portadoras do TEA com pessoas da mesma faixa etária pode estimular
suas capacidades de interação social e reduzir seu isolamento. Existem hoje
muitos jogos capazes de auxiliar no processo social de crianças com autismo,
favorecendo a comunicação e interação. Os jogos são instrumentos que potencializam
o processo de construção do conhecimento, tendo a escola a função de utiliza-lo
na promoção de um ensino mais significativo, fazendo com que o aluno aprenda
pelas próprias experiências (MACEDO et al., 2019; CAMARGO e BOSA, 2009)
Segundo
Massaneiro, Guimarães e Ludovico (2016) as dificuldades que a criança autista
encontra na sua aprendizagem podem ser trabalhadas com o uso de metodologias
diferenciadas, como o método lúdico que traz para dentro de sala as
brincadeiras e jogos facilitando a aprendizagem e diminuído as dificuldades de
uma maneira descontraída. A utilização desse tipo de abordagem facilita a
aprendizagem uma vez que as crianças passam a ter um maior interesse,
favorecendo uma compreensão do conteúdo que se está sendo trabalhado no momento
e essas brincadeiras também facilitam a socialização destas crianças com o
resto da turma.
Vygotsky (1998) e Leontiev (1998)
afirmam que o brinquedo possui uma intrínseca relação com o desenvolvimento
infantil. É por meio desses momentos de interação entre a criança e o
brinquedo, que a mesma se apropria do mundo real, adquiri conhecimentos. O
brincar proporciona um maior avanço nas capacidades cognitivas da criança.
Deste modo, os jogos educacionais devem suprir os requisitos pedagógicos de
modo que promovam o ensino e permitam a diversão, não sendo somente recreativo,
mas também significativo (MACEDO, 2019).
As tecnologias digitais também
parecem ser ferramentas promissoras no auxílio do ensino e aprendizagem.
Contudo, ainda são poucos o número de aplicativos voltados para as crianças
autistas. Em relação aos jogos existentes, os resultados encontrados ressaltam
a importância dos mesmos no tratamento de crianças, constituindo-se como novas
formas de terapia (MACEDO et al.,
2019).
Concluindo, o uso de jogos como
forma de promover uma aprendizagem significativa em crianças autistas é uma
estratégia bastante promissora. Entretanto, são necessários maiores
investimentos, uma vez que o número de jogos voltados a esse proposito ainda é
bastante reduzido. Além disso, é de grande valia que o Estado invista na
inclusão dessas crianças nas escolas podendo utilizar-se dos jogos como
ferramenta para aumentar o acesso ao ensino, garantindo as mesmas o direito a
educação, formando uma sociedade mais democrática e menos excludente (FERRARI,
2015).
Referências:
CAMARGO, S.; C., A., BOSA. Competência social, inclusão escolar e autismo: revisão crítica da literatura. Psicologia & sociedade. v. 21, n. 1, p. 65-74, 2009.
Referências:
CAMARGO, S.; C., A., BOSA. Competência social, inclusão escolar e autismo: revisão crítica da literatura. Psicologia & sociedade. v. 21, n. 1, p. 65-74, 2009.
FERRARI,
A. C. V. Contribuições da psicopedagogia para o desenvolvimento do
ensino e aprendizagem da criança autista.São Paulo: Faculdade Campos Elíseos, v.1, n.1, p.25-28, 2015.
LEONTIEV, A.N. Uma contribuição à teoria do
desenvolvimento da psique infantil. In: VYGOTSKY, Y.L.S. et al. Linguagem,
desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo, 1998.
MACEDO, F. T. Um jogo georreferenciado com
recurso de realidade aumentada para auxiliar o aprendizado e desenvolvimento de
crianças com autismo. Universidade
Federal Rural do Semi-Árido, 2019. Disponivel em <http://repositorio.ufersa.edu.br/handle/prefix/1742>.
Acesso em: 03 de novembro de 2019.
MACEDO, W. A. A. et al. Objetos de aprendizagem para
crianças com autismo: uma revisão sistemática. Anais do Seminário Nacional de Educação
Especial e do Seminário Capixaba de Educação Inclusiva, v.1, p.406-420, 2019.
MASSANEIRO, A. P. D.; GUIMARÃES,
B. M.; LUDOVICO, R. L. Ludicidade no processo de ensino aprendizagem das
crianças com autismo nos anos iniciais do ensino fundamental. Centro
Universitário Autônomo do Brasil, 2016.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Conheça as
características e aprenda mais sobre o Autismo. Brasília, 2019.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Folha informativa - Transtorno do espectro
autista. 2017. Disponível em:<https://www.paho.org/bra/index.php?Itemid=1098>.
Acesso em: 03 de novembro de 2019.
VYGOTSKY, Y.L.S. A formação social da mente. 6. ed., São
Paulo: Livraria Martins Fonte,1998.
Texto elaborado pelo
acadêmico de Enfermagem Paulo Ricardo Cordeiro de Sousa e pela professora Dra.
Silvia Carla Conceição Massagli.
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