Homens Trans Precisam Fazer Prevenção do Câncer de Mama?
O
câncer de mama é uma desordem multicelular que ocorre principalmente na região
lobular da mama ocasionando nódulos que podem ser detectados precocemente com o
autoexame e com a mamografia que é realizada a cada dois anos pelas mulheres.
Porém, esse câncer não atinge somente essa população, como alguns pesam, ela
pode acometer qualquer indivíduo, inclusive em homens, pessoas transexuais, e
outros públicos.
Existe o mito, que já está sendo quebrado, que
o câncer de mama só atinge as mulheres, pelo fato delas possuírem uma mama mais
desenvolvida e fazer o uso de hormônios femininos. Esse estereótipo pode ser
notável nas atividades de prevenções, como o que ocorre na campanha do outubro
rosa, em que as ações são voltadas para a prevenção do câncer de mama em
mulheres, que não se pode negar a sua grande importância para a sociedade, mas
que acaba ainda trazendo um atendimento voltado para heteronormatividade, em
que as ações e as abordagens dos profissionais de saúde são restritivamente
para as questões do público cis (hetero), eles acabam se beneficiando de
informações e ações preventivas, enquanto que a minoria de sexo, como os homens
trans, ficam desprotegidas e sem informações sobre a doença (BARBOSA,
RICACHENEISKY, DAUDT, 2018; SILVA, BRANDT, 2017).
Isso
pode ocorrer, principalmente quando se fala em homens transexuais, por causa
das mudanças corporais que passam, tanto por uso de hormônios como por
cirúrgicos, que é a mamoplastia masculinizadora, termo esse usado para designar
a retirada da mama feminina para produzir uma masculina, e que tal processo não
ocorre devido a neoplasias, que é o caso das cirurgias das mastectomia
bilateral. Esse processo em que envolve a reestrutura do tórax deixa uma
cicatriz que recebe o nome, dado pelos homens trans, de “T invertido” ou
“sorriso”, isso quando a incisão é feita em baixo das mamas, entre tanto,
existe outras nomenclaturas para a incisão, como também, outros procedimentos
cirúrgicos que envolve essa transformação da região do tórax (BRASIL,2015; SOUSA,
IRIARDE, 2018).
Nesses
casos onde ocorrem a mamoplastia masculinizadora, não é retirado totalmente os
seios, restando ainda tecidos mamários e o mamilo. Por causa disso, não se pode
excluir esse público como grupo de risco para o desenvolvimento de câncer de
mama, mesmo que passem por processos cirúrgicos e até mesmo os que fazem o uso
de hormônios.
A
prevenção, que é algo simples e fácil de ser realizado, deve ser propagado para
os homens transexuais, bem como, as informações e prevenções que podem auxiliá-los
no autocuidado tornando-os empoderados dos conhecimentos, e deste modo, vir a
desconstruir a cultura predominante de um atendimento de saúde voltado a
heteronormatividade. Por isso, os homens trans devem sim fazer o autoexame e
cuidar da sua saúde.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, A. P.; RICACHENEISKY, L. F.; DAUDT, C. Prevenção e
rastreamento de neoplasias femininas: mama e colo do útero. Acta
méd.(Porto Alegre), v. 39, n. 2, p. 335-345, 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Transexualidade e Travestilidade as Saúde . Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/transexualidade_travestilidade_saude.pdf>
Acesso em 28 out 2019
SILVA,
B. O.; BRANDT, D. B., Controle do câncer rumo ao arco-íris. OSQ, n.38. p. 57-76, 2017.
SOUSA, D.; IRIART, J. “Viver dignamente”: necessidades e
demandas de saúde de homens trans em Salvador, Bahia, Brasil. CSP,
v. 34, p. e00036318, 2018.
Texto elaborado pelo Acad. Enermagem Alison Rener Araújo Dantas e o Prof. Dr. Marcelo Costa Fernandes.
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