A Vida Sexual da Mulher no Climatério



      O climatério é definido como um período de transição entre os anos reprodutivos e não reprodutivos da mulher, que acontece na meia-idade. É caracterizado por alterações metabólicas e hormonais que, muitas vezes, podem trazer mudanças envolvendo o contexto psicossocial (SILVA, ARAÚJO e SILVA; 2003). Em uma parte significativa das mulheres ocorre a chamada disfunção sexual. Esse termo é utilizado para definir distúrbios sexuais, que provoquem sofrimento, que incluem o transtorno do orgasmo feminino, o transtorno do interesse sexual feminina e o transtorno da dor gênito-pélvica/penetração (MAGON et al, 2012).
Fonte:https://delas.ig.com.br/amoresexo/2017-06-29/dor-na-relacao-menopausa.html
Os sintomas decorrentes da deficiência estrogênica como dificuldade em atingir excitação e orgasmo, déficit de lubrificação vaginal ou ainda a existência de dor durante e/ou após a penetração vaginal, interferem negativamente na satisfação sexual das mulheres climatéricas; já a diminuição da libido nessa fase associa-se mais aos aspectos psicossociais ou secundários à dor no coito (MENEZES, OLIVEIRA; 2016).

A sexualidade envolve não apenas a atividade sexual biológica, mas também o conceito de masculinidade e feminilidade da pessoa, por apresentar-se de forma única, a mulher era adorada por sua capacidade de procriar sendo vista como fonte de vida. A sexualidade afeta a maneira pela qual uma pessoa reage a outras e é percebida por eles, sendo expressa não apenas pela intimidade física, como também pela intimidade emocional e pelo carinho. Nas várias etapas da vida existem interesses sexuais que possuem características próprias e mudam de acordo com a idade (FERNANDEZ et al, 2005).
O Desejo Sexual Hipoativo (DSH) foi o problema sexual mais prevalente identificado em estudo populacional em mulheres brasileiras de meia idade, seguido pela disfunção da excitação e do orgasmo. Entre os motivos apontados para a falta de procura por cuidados se encontravam a falsa noção que diminuição do desejo sexual é uma parte inevitável do envelhecimento e o pressuposto de que não existe nenhum tratamento para as disfunções sexuais femininas (ROSEN et al, 2012).
Apesar de sofrerem com os vários sinais e sintomas climatéricos, é notável que as mulheres, nesta transição, desconheçam ou não identifiquem a maior parte das alterações hormonais, fisiológicas e emocionais envolvidas no processo de decréscimo da produção hormonal e cessação de ciclos menstruais. Esse desconhecimento pode estar associado a outros conflitos socioeconômicos, culturais e espirituais que, somados ao período da vida e à individualidade dessas mulheres, agravam seu estado físico e emocional (VALENÇA, NASCIMENTO FILHO, GERMANO; 2010).
Em conclusão, o conhecimento dos fatores que interferem na sexualidade feminina no climatério é de suma importância, uma vez que existem várias possibilidades de tratamento para os sintomas climatéricos. Além disso, objetiva-se a quebra do tabu da sexualidade feminina na sociedade atual.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERNANDEZ, M. r.; GIR, E.; HAYASHIDA, M. Sexualidade no período climatério: situações vivenciadas pela mulher. Revista esc. Enfermagem USP, São Paulo, v. 39, n. 2, p. 129-135, 2005.
MAGON, N. et al. Sexuality in midlife: Where the passion goes? Journal of mid-life health, v. 3, n. 2, p. 61, 2012.
MENEZES, D. V.; OLIVEIRA, M. E. Evaluation of life's quality of women in climacteric in the city of Floriano, Piauí. Fisioterapia em Movimento, v. 29, n. 2, p. 219-228, 2016.
ROSEN, R. C. et al. Characteristics of premenopausal and postmenopausal women with acquired, generalized hypoactive sexual desire disorder: the Hypoactive Sexual Desire Disorder Registry for women. Menopause, v. 19, n. 4, p. 396-405, 2012.
SILVA, R. M.; ARAÚJO, C. B.; SILVA, A. R. V. Alterações biopsicossociais da mulher no climatério. Revista Brasileira em Promoção à Saúde, Fortaleza, v. 16, n. 1/2, p. 28-33, 2003.
VALENÇA, C. N.; NASCIMENTO FILHO, J. M.; GERMANO, R. M. Mulher no climatério: reflexões sobre desejo sexual, beleza e feminilidade. Saúde e Sociedade, v. 19, p. 273-285, 2010.


Texto elaborado pelo acadêmico de medicina Antônio Wellington Grangeiro Batista de Freitas sob orientação da Professora Mestra Maria Berenice Gomes Nascimento

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares a relação com as práticas no âmbito da Atenção Básica

Contate-nos