Ácido Fólico e sua importância para uma Gestação saudável
A
gestação é um período de muitas mudanças na vida da mulher, época de anseios e
dúvidas e nesse momento, torna-se necessário uma abordagem completa dos
profissionais que acompanham a gestante. Toda mulher que deseja ter um filho
precisa redobrar a atenção para a sua alimentação e hábitos de vida. Os
cuidados com a gravidez devem iniciar a partir do momento no qual se deseja
engravidar, por isso um bom planejamento durante a gestação diminui as chances
de alguma alteração congênita no bebê. Portanto, ter um bom pré-natal é
fundamental (BRANDALIZE, 2009).
O
pré-natal configura-se como excelente momento para trabalhar os aspectos do
cuidado com a gestante. Um desses cuidados é o uso do ácido fólico, folato ou
vitamina B9, vitamina hidrossolúvel do complexo B, cuja estrutura química
consiste em: um anel de pteridina, ácido p-aminobenzóico
e uma molécula de ácido L-glutâmico. O ácido fólico normalmente encontra-se
associado à vitamina B12 intracelular, também conhecida como cobalamina (ZAMPIERI,
2009).(FONTE: http://vivomaissaudavel.com.br/static/media/uploads/excesso-de-acido-folico.jpg) |
O
folato, em sua forma livre, possui absorção pelas células da mucosa intestinal,
mais especificamente no duodeno e jejuno, onde acontece a hidrólise e
posteriormente, redução e metilação, transformando-se em sua forma ativa (RANG
DALE, et al. 2012).
Após
sua transformação na forma ativa conhecida como 5-metil-tetrahidrofolato ou
5M-THF, é transportada por proteínas plasmáticas (como a albumina) para tecidos
e fígado, sendo armazenada na forma de poliglutamato. Atuando na formação do
tetrahidrofolato ou THF, coenzima que também metaboliza aminoácidos, além da
formação dos ácidos nucléicos para eritropoese protéica de tecidos nervosos, o
ácido fólico participa diretamente na conversão de serina em glicina, metilando
a homocisteína (HCY), transformando-a em metionina e consequentemente formando
o nucleotídeo timilidatosintease (RANG DALE, et al. 2012).
O termo folato
representa todas as formas desta vitamina, incluindo seus muitos derivados
encontrados no sistema biológico e o termo ácido fólico (ácido
pteromonoglutâmico) é a forma sintética encontrada nos suplementos vitamínicos
e alimentos fortificados. O folato
interfere com o aumento do volume dos eritrócitos, o alargamento do útero e o
crescimento da placenta e do feto, assim como prevenção de doenças
respiratórias na infância e da síndrome de Down (PONTES, 2008).
O
ácido fólico (AF) é indispensável na regulação do desenvolvimento normal de
células nervosas, na prevenção de defeitos abertos no tubo neural (DATN),
atuando como coenzima no metabolismo de aminoácidos, e síntese de purinas e
pirimidinas e dos ácidos nucleicos, (ácido Desoxirribonucléico – DNA e ácido
Ribonucléico – RNA), sendo vital para a divisão celular e síntese protéica,
apresentando papel fundamental no processo de multiplicação celular, o que o
torna elemento fundamental na eritropoiese (formação das células sanguíneas,
as hemácias) combatendo assim a anemia (PONTES,
2008).
Quanto
às anomalias congênitas, a reposição de ácido fólico previne os defeitos
abertos do tubo neural (DATN), pois se sabe que este fechamento ocorre nas
primeiras quatro semanas após a fase de concepção e se dá quando o tubo neural
tem seu fechamento incorreto ou incompleto, ocorrendo doenças como anencefalia,
encefalocele e espinha bífida (LIMA et al., 2009)
López
Camelo (2010) afirma que na América do Sul, a prevalência de defeitos abertos
do tubo neural seja 1,5 por mil nascimentos, integrada por 0,4 de anencefalia, 0,8
de espinha bífida e 0,3 de encefalocele.
A
anencefalia se caracteriza pelo não fechamento da extremidade superior,
resultando em ausência parcial ou completa de crânio e cérebro, que geralmente
evoluem para natimortos, abortos ou nascidos vivos que morrem logo após o
parto. Na encefalocele, o cérebro e meninges se herniam por defeito na calota
craniana. E por fim a espinha bífida, ocorre quando a extremidade inferior do
tubo não se fecha, podendo afetar todo o comprimento do tubo neural ou se
limitar a uma pequena área (exposição da medula espinhal) (BLENCOWE et al.,
2010).
A falta dessa vitamina no organismo também
pode ser encontrada nos casos de síndrome hipertensiva da gestação, a
abortamentos espontâneos de repetição, partos prematuros, baixo peso ao
nascimento, doenças crônicas cardiovasculares, cérebro vasculares, demência e
depressão. O baixo consumo na dieta, distúrbios gênicos, tabagismo, uso crônico
de contraceptivos hormonais orais, diabetes, uso de medicações
anticonvulsivantes, são alguns fatores relacionados a concentrações reduzidas
de ácido fólico no organismo (LIMA et al., 2009).
De
acordo com o Ministério da Saúde, durante a primeira consulta pré-natal deve
ocorrer a prescrição do ácido fólico da atenção básica, com objetivo de
prevenir as anormalidades congênitas do tubo neural e a anemia durante a
gravidez (BRASIL, 2012).
Como
o corpo humano não sintetiza o ácido fólico, é necessário suprir a falta de
folato com fontes alimentares naturais ou suplementares por meio de
comprimidos. Sendo assim, o Ministério
da Saúde (MS), para sanar essa deficiência no período gestacional, recomenda a
suplementação do AF de 5 mg ao dia para a mulher, desde os 3 meses antes da
concepção, até a 14ª semana gestacional. Estudos apontam que há evidências
suficientes de que a suplementação de ácido fólico no início da gestação reduz
em até 75% o risco de o bebê nascer com DATN. (BRASIL, 2012).
Vale
salientar, entretanto, que doses de ácido fólico superiores a 5 mg podem
mascarar anemia perniciosa e anemia por deficiência de vitamina B12. O excesso
de ácido fólico desestabiliza a relação com vitamina B12 e estimula a quebra
cromossômica e descontrole mitótico, o que seria responsável pela alta
incidência de câncer de colo e reto nessas mulheres (HABERG et al., 2009).
O
ácido fólico (AF) é encontrado em alguns alimentos que podem ser recomendados
para as gestantes como: vísceras de animais, vegetais verdes, legumes, feijão,
frutas cítricas, espinafre, lentilhas, grão de bico, aspargos, brócolis,
ervilha, couve, milho, amendoim e laranja (BROGNOLI, 2010).
Diante
do exposto, existe a necessidade de promoção e divulgação contínua da
importância de suplementação periconcepcional do ácido fólico pelos profissionais
da saúde envolvidos na assistência do pré-natal, como o enfermeiro que no
Brasil presta assistência pré-natal às gestantes de baixo risco. Visto que, por
suas propriedades cientificamente reconhecidas, a suplementação medicamentosa com
ácido fólico no período periconcepcional tem sido recomendada desde a década de
90.
Referências
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neonatal mortality from neural tube disorders. Int
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Texto elaborado pelo Enfermeiro Rubens Félix, Acadêmicos de Enfermagem Isadora Roberta, Pedro Tiago, Francley Gonçalves, Prof. Dr. Eder Freire e pelo colaborador Gládio Pôlanski Rodrigues Mariz (Farmacêutico Especialista em Farmacologia Clínica e Dispensação Farmacêutica pelo IBRAS-PR).
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Texto elaborado pelo Enfermeiro Rubens Félix, Acadêmicos de Enfermagem Isadora Roberta, Pedro Tiago, Francley Gonçalves, Prof. Dr. Eder Freire e pelo colaborador Gládio Pôlanski Rodrigues Mariz (Farmacêutico Especialista em Farmacologia Clínica e Dispensação Farmacêutica pelo IBRAS-PR).
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