Sensibilização da família frente ao diagnostico de autismo infantil

Para que os pais de crianças diagnosticadas com autismo sejam sensibilizados a aceitar e encarar essa nova e desafiadora descoberta, é necessário que o psicológico do pai e da mãe simultaneamente sejam articuladamente preparados por profissionais capacitados, para que estes, possam minimizar o impacto sofrido com o diagnóstico e com isso buscar forças emocionais e conhecimentos específicos para lhe dar com esse novo ciclo da vida na família.
(FONTE: http://nedmed.info/images/img_137181-170.jpg)
O autismo também conhecido como Transtorno do Es­pectro Autista (TEA) é definido como uma síndrome comportamental que compromete o desenvolvimento motor e psiconeurológico da criança, dificultando sua cognição, linguagem e interação social, podendo estes sintomas ser apresentados de maneira isolada ou agrupada no indivíduo (VOLKMAR; FROM, 2014). Sua etiologia ainda é desconhecida, entretanto, o autismo é considerado uma síndrome de origem multicausal que envolve fatores genéticos, neurológicos e sociais (LOPES et al., 2014).

O reconhecimento da sintomatologia manifestada pela criança com autismo é fundamental para a obtenção do diagnóstico precoce, onde este influenciará nas medidas que serão tomadas para as intervenções do tratamento, que reverberam consideravelmente no desenvolvimento da criança. Comumente, as manifestações clínicas são identificadas por pais, cuidadores e familiares que experienciam padrões de comportamentos característicos do autismo, tendo em vista as necessidades singulares de cada criança.

O diagnóstico de uma doença crônica no âmbito familiar, especialmente em se tratando de crianças, constitui uma situação de impacto, podendo repercutir na mudança da rotina diária, na readaptação de papéis, ocasionando efeitos diversos no âmbito financeiro e nas relações familiares.

Ao serem impactados com o diagnóstico de autismo do filho os familiares se veem frente ao desafio de ajustar seus planos e expectativas quanto ao futuro, às limitações que irão enfrentar, além da necessidade de adaptar-se à intensa dedicação e prestação de cuidados às demandas, as quais, cada criança manifestará de forma específica.As características clínicas da síndrome afetam as condições físicas e mentais do indivíduo, aumentando a exigência por cuidados e, consequentemente, o nível de dependência de pais e/ou cuidadores (COSTA, 2012).

Cada família tem sua crença sobre a origem do autismo, isso pode causar grande impacto sobre as emoções e a aceitação da situação. A partir do momento em que os pais descobrem o diagnóstico do filho, as relações familiares são naturalmente afetadas e atividades sociais normais são interrompidas, transformando assim o clima emocional da família, onde a mesma, deve se unir em prol da criança e, consequentemente, adequar seus planos e expectativas quanto ao futuro e oferta de cuidados da criança diagnosticada com autismo.

Em pesquisa realizada por Costa (2012), com mães de crianças autistas, foi possível observar que as mesmas, frequentemente avaliaram seu estado de saúde mental como "ruim" ou "justo". Além do maior nível de stress, muitos pais experimentam as seguintes emoções: sentimentos de está sobrecarregado; desespero perante a doença incurável; culpa diante do diagnóstico do filho; sentimentos de isolamento social; constrangimento no comportamento da criança em público, entre outros.

No contexto familiar existem situações que variam entre momentos de bem-estar e de crise, e a instabilidade surge quando a doença está presente. No caso do autismo, a família por vezes pode se sentir impotente no seu papel de fomentar a inserção social da criança no meio no qual está inserida.

Além de conviver com dificuldades internas, como a cronicidade da doença, os sintomas que causam constrangimento social, o rompimento dos vínculos e das atividades normais da família, ainda há as forças sociais externas. Muitas vezes os vizinhos, amigos e outros parentes, contribuem negativamente, sugerindo e questionando tratamentos, causando tensões e gerando maior desgaste emocional. Portanto, há necessidade de considerar neste contexto a vida de todos os membros do grupo familiar, não apenas o portador de autismo e o seu tratamento.

Para a vida do casal, o desafio torna-se ainda mais árduo, enquanto pais, a aceitação do diagnóstico se dá de maneira diferente de um para o outro, levando muitas vezes a conflitos principalmente na vida conjugal, são divergentes os horários e compromissos, tornando cada vez mais difícil para os pais passarem tempo juntos.

Os irmãos dos autistas também enfrentam muitas das mesmas impressões como o resto da família, não tendo assim o total apoio dos pais, que se encontram sobrecarregados com as necessidades de seu filho autista.

Neste contexto, a família necessita adaptar-se às novas situações que surgem em decorrência das necessidades do filho, sendo imprescindível desenvolver e utilizar estratégias de enfrentamento. Ademais, pelo fato do Brasil ser um país com grandes diferenças econômicas, é necessário considerar a influência dos fatores socioeconômicos nas dificuldades da família.

Podem-se perceber várias maneiras das famílias reduzirem o impacto negativo sobre o transtorno do espectro autista, através de grupos de apoio que vão facilitar a interação com outros pais para saber lidar com os desafios físicos e emocionais, resultando em um desenvolvimento favorável e promissor do filho.

Referências
COSTA, S. C. P. O impacto do diagnóstico de autismo nos Pais. Dissertação (Mestrado). Mestrado em ciências da educação. Universidade Católica Portuguesa. Viseu, 2012, p.72.

LOPEZ, P. J. et al. Our experience with the a etiological diagnosis of global developmental delay and intellectual disability: 2006-2010. Neurologia. v. 29, n. 7, p.402-7, 2014.

VOLKMAR, F.R.; MCPARTLAND, J.C.  From kanner to DSM-5: autism as an evolving diag­nostic concept. Annu Rev Clin Psychol. v.10, p. 193-212, 2014.

Texto elaborado pela Enfermeira Karla Samara e pelo Professor Dr. Marcelo Costa.

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