Alterações cognitivas e atividades que estimulam as funções cognitivas durante o envelhecimento
É comum que durante o
processo de envelhecimento haja algumas alterações na função cognitiva
decorrentes de todas as mudanças físicas e biológicas que o indivíduo vivencia
durante o percurso da sua vida.
A cognição diz respeito à
habilidade que o indivíduo tem de exercer interação no espaço em que está
inserido, enquanto a função cognitiva concerne ao processamento de informações,
que inclui aprendizagem, percepção, memória, atenção, vigilância, raciocínio e
resolução de problemas e funcionamento psicomotor (CASEMIRO, 2017; ANTUNES et
al., 2006 apud CASEMIRO et al.,
2017).
(FONTE:https://www.semprefamilia.com.br/memoria-de-ferro-como-a-familia-pode-estimular-o-cerebro-dos-avos/)
A maioria das alterações
cognitivas que acometem a pessoa idosa referem-se à atenção, às funções
executivas e à memória, não estando associado, necessariamente, à presença de
alguma doença (ALTERMANN et al., 2014). Por meio da atenção, é possível efetuar
a seleção e filtragem das informações que são mais pertinentes, considerando
que somos bombardeados de informações a todo momento, o que faz com que as
pessoas sejam mais sensíveis aos estímulos, que podem ser internos ou externos,
e lidem de forma efetiva com eles (SANTOS, OLIVEIRA, 2015).
As funções executivas ou
controle cognitivo são um conjunto de habilidades que contribuem para a
execução de aspectos mais complexos do comportamento, pela tomada de decisões,
alicerçando-se no planejamento e controle de informações (GAZZANIGA et al.,
2014). São fundamentais para o desenvolvimento de planejamento, organização,
flexibilidade mental, pensamento abstrato e inibição de ações inadequadas e informações
sensoriais irrelevantes (IRIGARAY, 2012).
Dentre as funções executivas,
pode-se dizer que a memória é a mais popular, sendo alvo de grande preocupação
pela maioria das pessoas durante o seu processo de envelhecimento. Trata-se de
recordações produzidas a partir do aprendizado, que ocorre por meio da obtenção
de informações, podendo acontecer através de uma única exibição ou por meio de
várias repetições de informações, experiências ou ações (GAZZANIGA et al.,
2014).
Existem diversos tipos de
memória, sendo alguns deles:
·
Memória sensorial,
que tem como característica grande retenção de informações, sendo diretamente
ligada aos sentidos, por ser captada por meio da percepção, sendo considerada a
primeira etapa de armazenamento (GAZZANIDA et al., 2014);
·
Memória de curto prazo,
que corresponde a acontecimentos de curto tempo, geralmente apenas alguns
segundos, com informações que foram consideradas relevantes durante a memória
sensorial, podendo durar momentaneamente (CARVALHO, 2006 apud CASEMIRO, 2017);
·
Memória de trabalho,
é aquela responsável por armazenar e processar informações temporariamente
durante a execução de atividades cognitivas mais complexas (BADDELEY, 2015);
·
Memória de longo prazo,
caracterizada pelo acúmulo de informações retidas pela maior parte do tempo,
recorrentes na rotina do dia a dia (CASEMIRO, 2017).
O declínio cognitivo, também
conhecido como déficit de memória, pode ser constatado a partir de testes
cognitivos que classificam a perda parcial ou total da autonomia e
independência. É necessário a inclusão de anamnese detalhada nesse processo, bem
como exames físicos e neurológicos, levando em conta que em casos de doenças
como demências ou outras patologias neurodegenerativas, o diagnóstico é
diferenciado (MANFRIM, SCHMIDT, 2011 apud
CASEMIRO, 2017).
Devido ao declínio cognitivo
ser considerado algo esperado durante o processo de envelhecimento, torna-se imprescindível a
busca por estratégias que possibilitem o retardo de alterações e estimulem,
portanto, a função cognitiva.
As intervenções cognitivas
são caracterizadas por métodos não-farmacológicos que buscam a melhora na
cognição. Trata-se de uma opção mais viável ao público idoso ou mesmo o público
adulto que deseja manter a função cognitiva sem a necessidade do uso de
fármacos, que podem causar efeitos adversos, considerando que muitos já fazem
uso de certa quantidade de medicamentos (RODAKOWSKI et
al., 2015).
Uma das alternativas que pode
contribuir com a melhorado desempenho cognitivo é a prática de exercícios
físicos (MEDEIROS et al., 2015), por melhorar a circulação cerebral, além de
alterações positivas na síntese e degradação de neurotransmissores, sendo capaz
de agir diretamente na função cognitiva da pessoa idosa (MARTELLE, 2013), haja
a presença ou não de algum tipo de doença.
A Organização Mundial da
Saúde (OMS) recomenda que seja realizada uma atividade física moderada por, no
mínimo, três vezes por semana, com intensidade variando de acordo com as
condições físicas de cada idoso. Em geral, semanalmente duas horas e meia de
atividade física moderada ou a metade desse tempo de atividade intensa são
suficientes para obter bons resultados (BRASIL, 2019).
Embora a prática de
exercícios físicos seja a principal escolha de muitas pessoas, existem outras
alternativas que podem desempenhar papel de grande importância quanto a
preservação da função cognitiva.
Ter uma vida social ativa,
hábitos de leitura, atividades de produção artística e uso de jogos educativos estão
entre as opções que mais auxiliam o desenvolvimento mental, especialmente se
desenvolvidos com frequência (FERNANDES, 2018; FERNANDES, 2014), podendo
estimular o raciocínio lógico e crítico do indivíduo, auxiliando, portanto, em
seu desempenho cognitivo.
Uma das formas de empregar
esses hábitos em casa é adquirindo jogos simples, como jogos de cartas e de
tabuleiro, caça-palavras, palavras cruzadas, jogo da memória e quebra-cabeças
(MEDEIROS et al., 2016), encontrados facilmente à venda e em baixo custo. Logo,
é essencial estímulo para que o idoso se atraia a esse tipo de jogo,como a
participação de algum familiar ou pessoa que o idoso se relacione bem, o que
possibilitará melhor interação familiar e/ou social (LARA et al., 2017), além
de influenciar positivamente em seu humor, tornando-o mais alegre.
Mesmo havendo muitos
indivíduos que por si só já são adeptos a esses tipos de atividades cognitivas,
torna-se essencial, ainda, que haja incentivo à realização destas por parte não
apenas dos familiares e/ou cuidadores, mas também por profissionais da saúde inseridos
no contexto de vida da pessoa idosa, especialmente aqueles que fazem parte do
contexto da Atenção Primária, especificamente aqueles da Unidade Básica de Saúde
(UBS), visto que possuem um contato maior com a população, podendo esse vínculo
ser de grande auxílio no que concerne ao incentivo à adesão de métodos que
estimulem a função cognitiva.
Os profissionais que atuam
na UBS podem incentivar a função cognitiva do idoso tanto por meio de
orientações durante as consultas e/ou visitas domiciliares, como também por
meio de ações coletivas direcionadas à essa população, desenvolvidas através de
jogos, rodas de conversa, pequenos exercícios ou até mesmo educação de saúde.
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transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Conhecendo Online. V. 2, n. 1, p. 1-13. 2015.
Texto elaborado pela Enf.ª Alêssa Cristina Meireles de
Brito e pela docente Dra. Fabiana Ferraz Queiroga Freitas.
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