Aspectos bioquímicos da Diabetes Mellitus gestacional


O Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) e o Diabetes Mellitus Pré-Gestacional, constituem distúrbios do metabolismo de carboidratos que, se não diagnosticados e tratados adequadamente, levam a graves complicações na gravidez. Ocorrendo mais frequentemente na população obstétrica, DMG é definido como diabetes ou um estado pré-diabético com o início ou primeiro diagnóstico durante a gravidez (STANIROWSKI et al., 2017). É reconhecidamente uma das maiores complicações médicas da gestação e, desde a descoberta da insulina em 1921, vem sendo uma preocupação constante do obstetra (WHITE, 2005).Embora, resistência à insulina induzida pela gravidez e Diabetes mellitus gestacional (DMG), sejam geralmente reversíveis após a gravidez, aproximadamente 30-50% das mulheres com história de DMG desenvolvem diabetes tipo 2 mais tarde na vida, em um período de cinco a dez anos, especialmente se forem obesas (PORTH, 2010).


(FONTE: https://www.mdsaude.com/gravidez/diabetes-gestacional/)



Alguns fatores determinam a capacidade de transporte da glicose para a placenta, tais como, gradiente de concentração materno fetal, intensidade do metabolismo placentário, do fluxo sanguíneo e a expressão e atividade de transportadores específicos de glicose constituem os mais relevantes (STANIROWSKI et al., 2017).

A insulina é um hormônio produzido pelas células beta do pâncreas, que ao se ligar ao receptor do tipo tirosina quinase, induzem à internalização da glicose através de proteínas transportadoras desse carboidrato, conhecidas como GLUT (OLIVEIRA et al, 2014). De todas isoformas da GLUT já descobertas, sabe-se que GLUT - 1, GLUT - 3, GLUT - 4, GLUT - 8, GLUT – 9e proteínas GLUT - 12 e o mRNA de GLUT - 10 e GLUT - 11, são encontrados na placenta.Porém, a GLUT – 1 realiza a mediação da transferência materno-placental de glicose em humanos, mas a sua presença é mais acentuada em tecidos fetais e ao longo do período da infância (por estar relacionado ao crescimento do cérebro).

A placenta é responsável pela nutrição fetal e é o elo entre a mãe e o feto, como também separa o ambiente fetal do materno. Embora o sangue do feto esteja separado do sangue materno, o transporte de glicose, principal combustível metabólico para o feto, é feito de maneira independente, por difusão facilitada (MUNRO et al., 1983).

Durante a gravidez, a placenta produz hormônios e secreta na corrente sanguínea, que afetam a capacidade do corpo para utilizar a insulina, tais como o lactogênio placentário humano (HPL), cortisol, estrógeno, progesterona e prolactina, que inibem e diminuem a sensibilidade à insulina (PORTH, 2010). Devido a isso, a concentração de glicose aumenta na corrente sanguínea da mãe, podendo ser transportada para a placenta e causar danos ao feto.

A hiperglicemia materna é responsável por várias consequências, como visto, tanto para a gestante quanto para o feto. Isso pode ser observado pelos índices elevados de morbiletalidade perinatal, síndrome respiratória aguda (SAR), hipoglicemia, icterícia neonatal, hipocalcemia, hiperbilirrubinemia, doença da membrana hialina e má formações congênitas (CROWTHER et al., 2005). Além disso, outra consequência da DMG é a chamada poliúria fetal, com polidrâmnio, ou seja, aumento na quantidade do líquido amniótico, favorecendo a rotura prematura de membranas placentárias e a prematuridade do feto (RUDGE et al., 2004).


Referências:


CROWTHER, C. A. et al. Effect of Treatment of Gestational Diabetes Mellitus on Pregnancy Outcomes. N Engl J Med., 2005.

OLIVEIRA, C. C. G. et al. Diabetes Gestacional Revistada: Aspectos Bioquímicos e Fisiopatológicos. Revista Humano Ser - UNIFACEX, Natal-RN, v.1, n.1, p. 60-73, 2014.

PORTH, Carol Matson; MARTIN, Glenn. Fisiopatologia. 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 2 v.

RUDGE, M. V. C.; PEREIRA, B. G.; COSTA, R. A. A. Conduta clínica e obstetrícia do diabete. [s.l.], 2004.

STANIROWSKI, P. D. et al. Placental Expression of Glucose Transporter Proteins in Pregnancies Complicated by Gestational and Pregestational Diabetes Mellitus. Can J Diabetes 42 (2018) 209–217, 2017.

WHITE P. Pregnancy and Diabetes, Medical Aspects. Einstein, 3(3):217, 2005.


Texto elaborado pela sublinha de pesquisa Bioquímica e pela professora Dra. Rafaelle Cavalcante Lira

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