Cuidados e complicações em puérperas com idade avançada
Do ponto de vista anatômico e fisiológico,
especialistas consideram a faixa etária ideal para a gravidez e para o parto
entre 20 e 29 anos. Exercendo novos papéis na sociedade, algumas mulheres optam
pela gravidez após os 35 anos, que já é considerada de risco, porém a
dificuldade está mais relacionada a um declínio significativo na fertilidade,
desde os 30 anos. Historicamente, grávidas com mais de 35 anos eram
consideradas de idade avançada, mas estudos recentes consideraram 40 anos como
a idade do corte (RADOŃ-POKRACKA
et al, 2019).
(FONTE: http://www.andaiafm.com.br/index/noticias/id-69861/idade_avancada_da_mulher_reduz_chances_de_gravidez)
Para riscos de problemas à saúde do feto, a idade
do óvulo é o fator determinante, visto que os ovócitos primários têm seu
desenvolvimento interrompido na fase de prófase I ainda na fase pré-natal e
completam seu desenvolvimento após o início da puberdade e antes do início da
menopausa. Além disso, o simples fato de a mãe ter uma idade avançada, mesmo
que os óvulos tenham sido congelados durante o auge da fertilidade, apresenta
frequência aumentada de doenças crônicas como diabetes mellitus e hipertensão
arterial sistêmica (MOORE; PERSAUD, 2008).
A mulher que decidiu engravidar de maneira tardia
deve tomar precauções extras, a fim de conduzir a gestação da melhor maneira
possível e garantir a saúde do bebê. O
ideal é que o pré-natal comece antes da concepção. É importante a realização de
exames laboratoriais de rotina (hemograma, tipagem sanguínea, sorologias,
dosagem dos hormônios tireoidianos, exame de urina) e uma avaliação clínica. Se
tudo estiver bem, recomenda-se que tome ácido fólico (400 mcg/dia durante três
meses antes da concepção), uma vitamina do complexo B e vitamina D, já como
forma de prevenir algumas malformações fetais, principalmente do sistema
nervoso central (LINHARES; CESAR, 2017).
No
primeiro sinal de atraso na menstruação, a mulher deve procurar o médico, pois
há risco elevado de abortamento espontâneo. Com a gravidez confirmada deve ser
realizado um ultrassom a fim de identificar uma possível gestação gemelar ou
ectópica. Entre a 11ª e a 13ª semana faz-se necessária uma Translucência Nucal
(TN), que representa um tipo de ultrassom, para investigar possíveis alterações
cromossômicas. Por volta da 20ª, até a 24ª semana, é essencial a execução de um
ultrassom morfológico, que permite verificar se existem alterações cardíacas e
do sistema nervoso central. Até o sétimo mês o acompanhamento deve ser
mensal, tornando-se então quinzenal e permanecendo assim até o fim do oitavo
mês. Depois disso, até a hora do parto, as consultas devem ser semanais(JOHNSON et al, 2013).
Como principais complicações geralmente
associadas à idade avançada da mão, apresentam-se o aumentodos riscos de
doenças congênitas, placenta prévia, feto natimorto, parto prematuro, cesariana,
feto pequeno para idade gestacional (SGA), hemorragia pré-parto, pré-eclâmpsia,
diabetes gestacional, hipertensão gestacional, rotura prematura de membranas e baixo peso do recém-nascido (CHAN; LAO, 2008).
Descritas essas complicações e esses cuidados preventivos
a serem tomados por puérperas tardias, vale ressaltar que não há um consenso
sobre a idade a partir da qual a gestação tem riscos aumentados, sendo descrito
em alguns estudos 35 e em outros 40, por exemplo. Além disso a direta relação
entre a idade a as complicações também é contestada (WANG et al, 2011).
Baseando-se nas
peculiaridades e nuanças que envolvem a gestação após os 35 anos, é de suma
importância o acompanhamento pré-natal, com atuação da equipe
multiprofissional, e todos os fatores que influencia no processo de apoio
social e enfrentamento das possíveis dificuldades que perpassam o período
gestacional.
Referências:
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and New Zealand journal of obstetrics and gynaecology, v. 45, n. 1, p.
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of parity and advanced maternal age on obstetric outcome. InternationalJournal of Gynecology&Obstetrics, v. 102, n. 3, p. 237-241, 2008.
DIRETRIZ,
O. M. S. Suplementação diária de ferro e ácido fólico em gestantes. Genebra:
Organização Mundial da Saúde, 2013.
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beyond age 40 years is associated with an increased risk of fetal death and
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v. 196, n. 5, p. e11-e13, 2007.
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KENNY, L. C. et al. Advanced maternal
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LINHARES,
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Sul do Brasil: prevalência e fatores associados. Ciência & Saúde
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MOORE,
K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia clínica. Elsevier Brasil,
2008.
RADOŃ-POKRACKA, M. et al. Evaluation
of Pregnancy Outcomes at Advanced Maternal Age. Open Access Macedonian
Journal of Medical Sciences, v. 7, n. 12, p. 1951, 2019.
WANG, Yun et al. The impact of
advanced maternal age and parity on obstetric and perinatal outcomes in
singleton gestations. Archives of gynecology and obstetrics, v.
284, n. 1, p. 31-37, 2011.
Texto elaborado pelo acadêmico de Medicina Antônio Wellington Grangeiro Batista de Freitas e pela professora Dra. Maria Berenice Gomes Nascimento Pinheiro
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