Envelhecimento humano: fase de valorização


Culturalmente existe ainda a ideia acerca do envelhecimento como uma fase de baixa qualidade de vida, símbolo de fraqueza em múltiplos âmbitos, etapa de vida que não merece atenção, seja pelas possíveis incapacidades funcionais, que propiciam visão ultrapassada por uma parcela da sociedade, culminando em baixos índices de incentivos e cuidados direcionados as pessoas idosas, o que distorce o preconizado pelas diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI). Constituindo-se assim, um espaço de debates sobre a importância do processo de envelhecimento humano, suas características e valorização (SANTOS, 2018).


(FONTE: https://www.clickhelp.com.br/saude-e-qualidade-de-vida-para-idosos-conheca-essas-5-dicas/)



A população idosa representa grande parcela da população mundial atualmente, com tendência a se duplicar no decorrer dos anos. Assim, a longevidade ascende uma possibilidade de projeção para o futuro, distinguindo de gerações anteriores, aliado à um ponto importante da saúde, que demanda cuidados a partir da compreensão das especificidades dessa faixa etária. Tendo-se, portanto olhar atento as habilidades, experiências de vida cotidiana e laborais desempenhados pelos idosos (TAVARES, 2017).

Diante disso, compreender identificar condicionantes e determinantes do processo saúde/doença, em particular no que tange a capacidade funcional e cognitiva, evitará desfechos desfavoráveis, como hospitalização, institucionalização e morte, ambos com grande impacto social e econômico.

Sabe-se que a construção de uma trajetória de vida é estabelecida por vivências, onde no percurso se apresentam relações familiares, sociais e consequentemente o acúmulo de experiências em diversas dimensões da vida. Rompendo uma barreira estigmática ainda presente, sobre o idoso possuir limitação para executar sua capacidade de autonomia e independência sobre o desempenho das atividades de vida diária, aliado as condições de saúde e ao acompanhamento rotineiro por uma equipe de saúde, que quando presentes e estimulados, propiciará promoção da saúde e prevenção de agravos, frente ao incentivo de bons hábitos nutricionais e prática de exercício físico (GARCIA, 2018).

O envelhecimento se firma como uma fase que requer adaptação e aceitação das especificidades e pode ser vivida saudavelmente, assim como revela a percepção dos idosos acerca da velhice como uma fase normal, natural e inerente à condição humana, trazendo nos relatos em que alguns idosos possuem a auto percepção sobre aprender a se adaptar a nova realidade e vivenciar aquilo que se apresenta para o mesmo, se moldurando na maturidade juntamente com a sabedoria, adquiridas desde o seu nascimento, seguindo com o decorrer de sua trajetória de vida (COLUCCI, 2019).

A percepção do idoso sobre o meio depende de seus desejos, de suas necessidades, de suas expectativas, de suas aspirações e atitudes, enquanto o conteúdo ideativo do ambiente coloca o indivíduo em um determinado estado de espírito. Como para alguns idosos a sua própria velhice está ligada a decadência, dependência e incapacidade. E aqueles que enfatizam suas vidas em características negativas, acabam por não conseguirem ter uma visão mais ampla do processo de envelhecimento, favorecendo certo afastamento da velhice como forma de defesa de uma imagem desagradável, construindo uma visão diminuta sobre sua condição e consequentemente de sua vida (BELEZA, 2019). 

Portanto, é possível se refletir acerca da temática, a multidimensão em que o idoso está inserido, seja no campo social, espiritual, físico ou psicológico, uma atenção integral faz-se necessária, sem preconceitos ou prejulgamentos. Constituindo-se uma área merecedora de valorização, abrindo caminho para a desmitificação da fase da terceira idade, reformulando o conceito da sociedade sobre o idoso como um ser humano com total capacidade de aprendizagem contínua, disseminador de conhecimentos, comunicativo, sentimental e merecedor do envelhecimento alicerçado pela atenção integral a saúde, construindo-se uma visão do biopsicossocial do idoso como um campo inerente a saúde pública brasileira.

Referências:

TAVARES, R. E. et al. Envelhecimento saudável na perspectiva de idosos: uma revisão integrativa. Rev. bras. geriatr. gerontol. V.20, n.6, p.878-889,Rio de Janeiro Dec.  2017.

GARCIA, C.A.M.S. Associação entre autopercepção de saúde, estado nutricional e qualidade de vida de idosos. Rev. Ciênc. Med. V.27, n.1, p.11-22. 2018.

SANTOS, A.A.S. A importância do uso de tecnologias no desenvolvimento cognitivo dos idosos. GEP. news. V.1, n.1, p. 20-24. Maceió, jan./mar. 2018.

COLUSSI, E. L. Percepções de idosos e familiares acerca do envelhecimento. Rev. bras. geriatr. gerontol. v. 22, n. 1, Rio de Janeiro, 2019.

BELEZA, C.M.F. A concepção de envelhecimento com base na teoria de campo de Kurt Lewin e a dinâmica de grupos. Ciênc. saúde coletiva. V. 24, n. 8, Ago. 2019.

Texto elaborado pelo acadêmico de Enfermagem Gustavo de Souza Lira e pela professora Dra. Fabiana Ferraz 

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