Idosos com hipertensão arterial sistêmica: o mal silencioso


Você sabe o que é a pressão alta? A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma doença crônica caracterizada pelos aumentos da pressão sanguínea, frequentemente associado a alterações funcionais e/ou metabólicas em órgãos alvo, elevando os riscos para eventos cardiovasculares. Ela acontece quando os valores da pressão arterial sistólica são iguais ou superiores a 140 mmHg, e a pressão arterial diastólica iguais ou superiores a 90 mmHg, em pessoas que não utilizam drogas anti-hipertensiva, ocasionando sobrecarga cardíaca para fazer o sangue circular pelo corpo (MS, 2014).

(FONTE: http://www.drpaulobrambilla.com.br/hipertensao-na-terceira-idade-sintomas-tratamentos-e-causas/)


A HAS pode ainda apresentar-se de duas formas: primária ou secundária. A Primária,de origem multifatorial é mais comum, está associada ao estilo de vida e fatores não específicos genéticos (ingesta de sódio, sedentarismo, tabagismo etc), já a forma Secundária tem causas identificáveis, como doenças endócrinas, cardíacas ou renais, ou seja, outros problemas de saúde (MS, 2014).

Por que a HAS está associada com outras doenças? Bem,é comum a HAS ser responsável por problemas cardíacos, comoo infarto agudo do miocárdio (IAM), acidente vascular encefálico (AVE), insuficiência renal crônica (IRC). Isso ocorre porque a HAS pode afetar de forma grave as grandes artérias do corpo, particularmente as do próprio coração e as do cérebro, comprometendo a passagem do sangue para esses órgãos (NIA, 2015).

A sua prevalência é bastante alta, por isso é tratada como um problema de saúde pública, sendo uma das doenças mais comuns na sociedade. Cerca de 20% dos adultos brasileiros apresentam a doença, que para 2030 projetam-sevalores superiores a 40%, ou seja, 4 de cada 10 adultos apresentará a HAS (BEZERRA et al; 2018).

Sabe por que a HAS e um mal silencioso? Por ser uma doença que normalmente não causa sintomas específicos, ela é facilmente mascarada ou confundida com outros problemas de saúde, como o estresse e o cansaço, já que seus sinais e sintomas se resumem em episódios de vertigem e dores de cabeça. Além desses sintomas, o paciente pode sentir dores no peito, zumbido no ouvido e falta de ar.

Em se tratando da população idosa, a compreensão de sintomas que condicionam a HAS pode ser de difícil percepção, retardando o diagnóstico e tratamento medicamentoso. Fato que pode relacionar-se ao analfabetismo de muitos idosos brasileiros, devido o processo de “descarte educacional” ocorrido no período de industrialização do país(RAMOS, 2017), comprometendo ações
prevenção, diagnóstico, tratamento e controle da doença.

Você conhece os fatores de risco que contribuem para a HAS?
Em geral, existem pessoas que são mais propensas a desenvolver a HAS, aquelas que apresentam fatores de risco. Dentre os principais fatores de risco, estão à circunferência elevada da cintura, o excesso de peso e o consumo frequente de gorduras, comumente associado a maus hábitos de vida como o tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e inatividade física, além da idade, escolaridade, sexo e etnia (FOCCHESATTO; ROCKETT; PERRY, 2015; VIGITEL, 2014; MS, 2012).

Como uma pessoa idosa deve se comportar após o diagnóstico da HAS?
Por meio de mudanças no estilo de vida é possível controlar a HAS, reduzindo a utilização de fármacos ou ainda não os utilizando. Para isso, é importante se ter uma alimentação saudável: Evite alimentos gordurosos e salgados; Dê preferência a grelhados e temperos naturais (alho, cebola etc.);Faça atividades físicas regularmente e mantenha um peso saudável de acordo com seu índice de massa corporal (IMC); Evite o consumo bebidas alcoólicas e do cigarro.

Por isso, o acompanhamento regular na Unidade Básica de Saúde é essencial, uma vez que só exames periódicos indicarão a presença ou não da HAS, cadastrando-se no programa HIPERDIA (Programa de atenção e acompanhamento de portadores de hipertensão e diabetes), haverá um cuidado integral, individualizado e humanizado, que o possibilitará melhor qualidade de vida.


Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. (Cadernos de Atenção Primária, n. 35).

US National Institute of Aging. World Health Organization. Global health and aging Bethesda: National Institutes of Health; 2015. (NIH Publication, 11-7737).

Sociedade Brasileira de Hipertensão. III Consenso brasileiro de hipertensão arterial. Rev Bras Cardiol 2016; 1:92-133.

Focchesatto A, Rockett FC, Perry IDS. Fatores de risco e proteção para o desenvolvimento de doenças crônicas em população idosa rural do Rio Grande do Sul. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2015;18(4):779-95.

RAMOS, Marise. A pedagogia das competências: autonomia ou adaptação? São Paulo: Cortez, 2017.

Bezerra ALA, Bezerra SA, Pinto DS, Bonzi ARB, Pontes RMN, Veloso JAP. Perfil epidemiológico de idosos hipertensos no Brasil: uma revisão integrativa /
Epidemiological profile of hypertensives in the elderly in Brazil: an integrative review. Rev Med (São Paulo). 2018 jan.-fev.;97(1):103-7.

VIGITEL. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. 2014.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Gestação de alto risco: manual técnico. 5a ed. Brasilia; 2012

Texto elaborado pelo acadêmico em Enfermagem Bruno Freire Braun Chaves e pela professora Dra. Fabiana Ferraz Queiroga Freitas


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