Consequências do Diabetes Mellitus Gestacional


O diabetes mellitus gestacional (DMG) é uma forma de resistência à insulina desencadeada durante o segundo/terceiro trimestre de gravidez em mulheres previamente normoglicêmicas. O quadro de DMG leva a um aumento de seis vezes no risco de desenvolver diabetes tipo 2 (DM2) na mãe e no bebê, assim como aumenta a incidência de obesidade. Evidências recentes e preocupantes apontam efeitos prejudiciais da DMG no comportamento e cognição da prole, que muitas vezes persistem até a adolescência ou a idade adulta (SOUSA et al, 2018).  

(FONTE: http://www. guiadobebe.com.br/a-vida-emocional-do-feto/)



        É sabível que as mulheres que desenvolveram resistência à insulina durante a gravidez, possuem cerca de seis vezes mais chance de desenvolver Diabetes Mellitus Tipo II, ao longo da vida, em comparação com mulheres que permaneceram normoglicêmicas durante o período gestacional, mas estudos sugerem efeitos prejudiciais da DMG no desenvolvimento, metabolismo e comportamento da prole (DARAKI et al. 2017; YESSOUFOU and MOUTAIROU 2011; Garcia et al, 2012).

       Embora a DMG represente uma condição metabólica autolimitada para a mãe, fatores como a alta permeabilidade da barreira placentária e o status pró-inflamatório e hiperglicêmico materno podem ser extremamente nocivos para o cérebro do feto. Mulheres com DMG aumentaram os níveis plasmáticos de marcadores de inflamação, como proteína C reativa, malondialdeído (BADEHNOOSH et al, 2017). Estudos epidemiológicos, clínicos e experimentais sugerem que a DMG pode interferir no desenvolvimento do cérebro intrauterino e influenciar o comportamento mais tardio. Desempenho prejudicado em tarefas de memória foi relatado em bebês de 1 ano de idade (DEBOER et al, 2005; RIGGINS et al, 2010), enquanto um desenvolvimento mais lento de cognição e linguagem foi encontrado em bebês de 18 meses de idade, obesos e mães diabéticas em comparação com os filhos de indivíduos saudáveis (TORRES-ESPINOLA et al, 2015). Esses déficits cognitivos parecem ser reversíveis, pois crianças mais velhas de mães diabéticas têm desempenho normal em diferentes tarefas de memória, esses estudos, sugerem que nativos de mãe que durante o período gestacional, tiveram DMG, há um atraso no desenvolvimento neuro cognitivo (RIGGINS et al, 2010).

        Na Figura 1, são apresentadas as consequências que o diabetes mellitus provoca na gestante. Nos dados referendados, observa-se que 43% apresentam retinopatia e outros 29% apresentam neuropatia, 14% sofrem de neuropatia periférica e outros 14% de alteração microvascular (COSTA et al, 2013).  


Figura 1 - Consequências do Diabetes Mellitus Gestacional para a mãe: 
 
Fonte: (COSTA et al, 2013) 

Na Figura 2, apresentam-se as consequências que o Diabetes Mellitus traz para o bebê, observou-se que 37% dos bebês têm macrossomia devido a DMG, 22% corre o risco de nascer com malformação, 18% tem hipocalcemia e outros 18% com problemas respiratórios, 9% dos artigos pesquisados relatam retardo do crescimento intrauterino, outros 9% ressaltam a hiperbillirrubina como uma das consequências e também com 9% a policetemia (Costa et al, 2013).  

Figura 2 - Consequências do Diabetes Mellitus Gestacional para o feto: 
 
Fonte: (COSTA et al, 2013) 



Referências
BADEHNOOSH, B. et al. The Effects Of Probiotic Supplementation On Biomarkers Of Inflammation, Oxidative Stress And Pregnancy Outcomes In Gestational Diabetes. J Matern Fetal Neonatal Med: 1-9. 2017.  
BERNARDO, S. et al. Assessing The Consequences Of Gestational Diabetes Mellitus On Offspring’s Cardiovascular Health: MySweetHeart Cohort study protocol, Switzerland. BMJ Open. 2017; 7(11): e016972. Published online 2017 Nov 14.  
 COSTA, F. A. et al. Consequências da diabetes gestacional no binômio mãe-filho. Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 6, n° 1, 2013, p (1-11) 
DEBOER, T. et al. Explicit Memory Performance In Infants Of Diabetic Mothers At 1 Year Of Age. Dev Med Child Neurol 47: 525-531. 2005.  
DARAKI, V. et al. Effect Of Parental Obesity And Gestational Diabetes On Child Neuropsychological And Behavioral Development At 4 Years Of Age: The Rhea Mother-Child cohort, Crete, Greece. Eur Child Adolesc Psychiatry 26: 703-714. 2017 
GARCIA, V et al. Gestational Diabetes and the Offspring: Implications in the Development of the Cardiorenal Metabolic Syndrome in Offspring. Cardiorenal Med 2: 134-142. 2012. 
RIGGINS T, et al. Declarative Memory Performance In Infants Of Diabetic Mothers. Adv Child Dev Behav 38: 73-110. 2010 
SOUSA, R. A. L. et al. Consequences Of Gestational Diabetes To The Brain And Behavior Of The Offspring. An. Acad. Bras. Ciênc. vol.90 no.2 supl.1 Rio de Janeiro Aug. 2018. 
TORRES-ESPINOLA et al. Maternal Obesity, Overweight and Gestational Diabetes Affect the Offspring Neurodevelopment at 6 and 18 Months of Age--A Follow Up from the PREOBE Cohort. PLoS One 10: e0133010. 2015. 
YESSOUFOU, A.; MOUTAIROU K. Maternal Diabetes In Pregnancy: Early And Long-Term Outcomes On The Offspring And The Concept OfMetabolic Memory”. Exp. Diabetes Res. 2011: 218598. 2011. 

Texto elaborado pela acadêmica de Enfermagem Anna Valéria Duarte Calixto e pela professora Dra. Rafaelle Cavalcante de Lira.

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