Uso indiscriminado de hormônios no processo de transexualização
A
inadequação corporal vivida pelos transexuais e travestis ocasiona o desejo de
um corpo que corresponda à sua identidade de gênero, com isso a reposição
hormonal ganha cada vez mais espaço em meio a esse segmento populacional. Sabe-se
que o uso de hormônios sintéticos pode acarretar danos e agravos à saúde de
quem os usa, visto que o tratamento requer o acompanhamento de uma equipe interdisciplinar
e integrada, uma vez que a terapia hormonal afeta diferentes partes do corpo e
da subjetividade de quem passa por ela.
(FONTE: https://panoramafarmaceutico.com.br/2018/08/13/apesar-de-necessaria-terapia-hormonal-ainda-e-tabu-para-homens/)
Percebe-se
a elevada prevalência de utilização de altas doses em automedicação com o
objetivo de maior velocidade na obtenção dos resultados, porém essas altas
dosagens de hormônios não são necessárias para atingir os efeitos desejados, e
são frequentemente associados a efeitos colaterais indesejáveis (COSTA, 2014).
De
acordo com Sampaio e Germano (2017) a prescrição médica desses medicamentos,
apesar de “segura”, é realizada sempre de forma gradual, o que provoca efeitos
de forma mais lenta, algo pouco interessante para quem têm urgência em mudar o
corpo.
Os
agravos à saúde são causados, em grande parte, devido ao uso indiscriminado de
hormônios estrógenos e progestógenos que são ingeridos ou injetados em grandes
quantidades ou em intervalos reduzidos de tempo e sem orientação e
acompanhamento de profissionais de saúde (LOURENÇO, 2009).
Lourenço
(2009) ainda diz que, o consumo indiscriminado de hormônios orais ou injetáveis
pode ocasionar distúrbios metabólicos, náuseas, dores fortes de cabeça,
tonturas, problemas hepáticos, câncer de próstata e entre outros efeitos,
podendo chegar ao óbito. Observa-se também, com o uso da testosterona por
mulheres, o crescimento e engrossamento dos pelos faciais e corporais, aumento
da massa muscular e da força, engrossamento da voz, aumento da oleosidade da
pele e surgimento de acnes (espinhas), aumento do clitóris, interrupção das
menstruações, redistribuição da gordura corporal (IGAY, 2017)
Tal
fato pode estar associado à facilidade de acesso aos anticoncepcionais[C1] ,
vendidos
em qualquer farmácia sem receita médica com as diferentes faixas de preço,
ainda conforme Galindo, Méllo e Vilela (2013) à dificuldade de acesso aos
serviços de saúde, a falta de padronização de medicamentos hormonais para este
fim nesta população no Sistema Único de Saúde (SUS) e à falta de preparação dos
profissionais de saúde propiciam essa prática. Entre os homens trans, são
comuns relatos de aquisição de testosterona (anabolizantes esteroides) em
academias de ginástica e até mesmo o uso de hormônios masculinos de origem
animal para uso veterinário. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016)
Sendo
iminente a discussão sobre a ampliação das estratégias de controle do uso
descomedido de substâncias hormonais pela população LGBT e, em especial, do segmento
de transexuais e travestis. Há necessidade de maior ênfase tanto na exposição
dos riscos que correm ao submeterem-se a esse processo, bem como ao
melhoramento do Processo Transexualizador do SUS que se trata de um programa demorado
e burocrático, o que ajuda a aumentar a demanda dessas pessoas pelos serviços
clandestinos, faz-se imprescindível potencializar a produção de saúde, a vida
dessa população e a construção de ações em saúde, além da imponderação acerca do
tema e, que ainda questiona a necessidade do atendimento, básico para a saúde
desses cidadãos.
Referências:
SAMPAIO,
J. V; GERMANO, I. M P. “Tudo é sempre de muito!”: produção de saúde entre
travestis e transexuais. Rev. Estud. Fem., Florianópolis ,
v. 25, n. 2, p. 453-472,
Aug. 2017 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104 026X2017000200453&lng=en&nrm=iso>.
access on 10 Aug. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n2p453.
COSTA, E. M. F; MENDONÇA, B. B. Clinical management of
transsexual subject. Arq. Bras. Endocrinol. Metab., 2014; vol 58,
n.2, p. 188-196.
LOURENÇO,
A. N. Travesti: A construção do corpo
feminino perfeito e suas implicações para a saúde. (Dissertação) Dissertação
de mestrado em Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza – UNIFOR. Fortaleza,
CE, 2009.
GALINDO,
D; MÉLLO, R; VILELA, R. Modos de Viver Pulsáteis: navegando nas comunidades
Trans sobre hormônios. Rev. Polis e
Psique, v. 2, n. 3, p. 19-42,2013.
IGAY. Como
os hormônios atuam no corpo de quem faz transição de gênero?. Disponível
em: https://igay.ig.com.br/2017-09-11/hormonios.html. Acesso em: 14 ago. 2019.
MINISTÉRIO
DA SAÚDE. Cuidar bem da saúde de cada um.
Disponível em:
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/fevereiro/18/CARTILHA-Equidade-10x15cm.pdf.
Acesso em: 16 ago. 2019.
Texto
elaborado pela acadêmica de Enfermagem Isabela Lunara Alves Barbalho, sob
orientação do professor Dr. Marcelo Costa Fernandes
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