Sofrimento mental em homossexuais
O sofrimento
mental vem sendo algo cada vez mais preocupante, tanto a nível nacional quanto
internacional. Atinge todos segmentos populacionais, independentemente da
classe social, idade e sexo. Porém, cabe destacar, dentre os segmentos
populacionais que vem sofrendo de maneira preocupante com o sofrimento mental
os grupos minoritários, em especial os homossexuais, os quais possuem
significativa vulnerabilidade ao acesso à ações e serviços de saúde.
(FONTE: http://www.revistasaudenews.com.br/entrevistas-ver/40/Psiquiatria+e+saude)
O sofrimento mental, entre os homossexuais, pode ser
potencializado devido à carga de estigmas e estereótipos preconceituosos que
esse segmento possui. Destaca-se que tais ações destrutivas, por vezes, são
praticadas por pessoas próximas como familiares e círculo de conivência, mas
também podem ser realizadas por desconhecidos. Com a rejeição por parte da
sociedade devido a não aceitação de uma orientação sexual diferente dos padrões
estabelecidos, classificado como heteronormatividade nos dias atuais, acarreta
em danos psíquicos ao sujeito como tristeza, ansiedade e depressão.
A heteronormatividade
segundo Albuquerque et al.(2016) consiste em um sistema de valores e ideologias
formado por pessoas heterossexuais em que consideram a heterossexualidade como
a única forma de orientação sexual “normal”.Dessa forma outra forma de
orientação diferente dos padrões não poderia ser aceita, assim manifestações
contrárias podem vir a ser alvo de violência sexual, física e psicologia.Tais
atos se caracterizam como homofobia que seria o ódio persistente se
manifestando por meio de agressões verbais contra a honra e moral, a até
episódios de violência física, podendo ser letais.
A orientação sexual é considerada como parte
integrante para formação da identidade individual, no entanto segundo Ceará e
Dalgalarrondo (2010) devido à estigmatização por parte da sociedade, familiares,
profissionais, pode acarretar em problemas ao indivíduo no que diz respeito ao desenvolvimento
do seu autoconhecimento, trazendo prejuízos para a saúde mental do mesmo.Esses
eventos podem acarretar no isolamento social, desencadeando sofrimento mental,
bem como aumentando o risco de suicídio. De acordo com Logie (2012) globalmente
as minorias sexuais tem uma saúde mental mais afetada, se comparada a pessoas
heterossexuais, demonstrando ser esse tema um grave problema de saúde pública.
Historicamente esse grupo vem sofrendo diversos
tipos de perseguições e inclusive iniquidades na oferta e acessos aos serviços
de saúde, principalmente no campo do sofrimento mental. Segundo Faro (2015) no século XIX a
homossexualidade foi considerada como uma doença a ser estudada e curada, pois
era visto como uma natureza diferente fazendo com que homossexuais fossem
perseguidos por muitos anos, como em tempos do nazismo em que só não eram
queimados em fogueiras, pois eram colocados em câmaras de gás.
Nos dias de hoje muitas das ações desumanas não são
mais realizadas, no entanto ainda se perdura atos preconceituosos e violentos. Rios
et al. (2018) falam sobre casos agressivos de espancamento em homossexuais por
parte da própria família, bullying no ambiente escolar, desrespeito até mesmo
por parte de profissionais.
Devido tal estigma o sujeito desenvolve sentimentos
que mais a frente pode acarretar em distúrbios psicológicos, como Rios et al.(2018)
citam alguns destas sensações como, desconforto, constrangimento, aflição,
tristeza, não aceitação e solidão.
Segundo Mahmoud et al. (2014) o estresse minoritário
pode resultar no uso abusivo de substâncias, ansiedade, pânico, suicídio,
distúrbios afetivos como a depressão, transtorno no estresse pós-traumático,
homofobia internalizada, em que esse processo de estresse é ainda mais efetivo
entre homossexuais devido ao preconceito enraizado ligado aos mesmos. O status
econômico, acesso limitado aos cuidados de saúde, etnia, cor, podem influenciar
ou agravar os sintomas.
Mesmo com o avanço a cada ano em relação aos
direitos dos homossexuais, atualmente ainda ocorre casos de homofobia se
fazendo necessária uma mudança de olhar por parte da população em relação a tal
forma de orientação sexual. Tais ações devem se iniciar pelas escolas em que
desde o ensino básico deve haver uma maior ênfase acerca dessa parcela da
população, no ensino superior devendo ocorrer seu aprofundamento neste assunto
e os graduandos por meio de ações educativas para a sociedade em geral, para o
um maior conhecimento sobre o assunto e buscando maior respeito por parte de
todos.
Destaca-se também a necessidade de capacitações a
serem ofertadas aos profissionais da saúde para que assim seja possível
atendimento mais eficiente, atendendo a todas as necessidades do sujeito, maior
investimento em grupos de apoio para evitar o isolamento social e troca de
experiências.
Referências:
RIOS, Luís Felipe. “Foi
como se a gente tivesse visto a morte”:estigmatização, sofrimento psíquico e
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acessos em 03 set. 2019.
Texto elaborado pela acadêmica de Enfermagem Açucena de Farias Carneiro e pelo professor Dr. Marcelo Costa Fernandes
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