O envelhecimento frente a Doença de Alzheimer

      A sociedade está, cada vez mais, envelhecendo, isso se dá devido ao aumento da expectativa de vida das pessoas e a redução da taxa de natalidade, o que eleva o número de doenças crônico-degenerativas, como as demências, podendo citar-se a Doença de Alzheimer (DA), que se relaciona ou não ao processo de envelhecimento.
(FONTE: https://nutricell.pt/home/dia-mundial-da-doenca-do-alzheimer/)
      A DA é um transtorno progressivo e irreversível que não possui uma origem definida, acometendo idosos de maneira insidiadora desenvolvendo-se lentamente e perdurando por vários anos. Manifesta-se pela deterioração cognitiva e da memória, tendo a presença de sintomas neuropsiquiátricos e mudanças de comportamento, ficando comprometido o desenvolvimento das atividades de vida diária. Classifica-se como a quarta causa de morte na América do Norte entre idosos de 75 a 84 anos (VENTURA et al., 2018; BRASIL, 2013).

      A idade avançada é um dos fatores de risco bem estabelecido para o desenvolvimento da DA, assim como o histórico familiar, tendo um aumento crescente quando o grau de parentesco é maior, como parentes de primeiro grau (BRASIL, 2013). Diante disso, pessoas que possuem familiares acometidos pela doença devem atentar-se para os sinais, para se houver um possível diagnóstico, que seja iniciado o tratamento na fase inicial da doença. 

      Alguns sinais característicos da DA podem ser percebidos facilmente, como a falta de memória para acontecimentos recentes, repetir a mesma pergunta mais de uma vez, dificuldade de acompanhar conversas ou pensamentos, falta de capacidade para elaborar métodos para resolver problemas, dificuldade em conduzir automóvel e até mesmo encontrar caminhos conhecidos, irritabilidade, agressividade, tendência ao isolamento entre outros (MS, 2019). 

      As novas diretrizes do NINCDS-ADRDA (National Institute of Neurological and Communicative Disorders and Strokes - Alzheimer’s Disease and Related Disorders Association) para diagnosticar a DA trazem esperança a ciência, onde a doença pode ser identificada antes mesmo de apresentar qualquer sintoma, na chamada fase pré-clínica, que corresponde a fase assintomática da doença, obtendo o diagnóstico anos ou décadas antes de qualquer manifestação de demência (NITZSCHE; MORAES; TAVARES, 2015).

      Dentre as consequências da DA é possível identificar perda de memória, desorientação no tempo e no espaço, dificuldade no aprendizado, distúrbios da linguagem, da comunicação e da capacidade de realizar tarefas do cotidiano, que levam a perda da autonomia nos estágios mais avançados da doença (ILHA, 2016).

      A pessoa acometida pela DA sofre com diversas modificações, devido à quebra da rotina, que altera a dinâmica familiar frente à necessidade constante de um membro familiar/cuidador no cotidiano do idoso. Em decorrência disso, é possível acontecer a perca da autonomia. Com a progressão da doença, as dificuldades aumentam podendo chegar à completa dependência do familiar/cuidador até mesmo para a realização de pequenas atividades, como alimentar-se. Quando o familiar/cuidador não consegue lidar com as manifestações da doença por insegurança, falta de estabilidade emocional, sobrecarga física e/ou psicológica, acarreta na procura por tratamentos especializados, como Instituições de Longa Permanência para Idosos, que pode vir acompanhado de pensamentos negativos, levando o idoso ao isolamento, acarretando outras consequências, como a depressão (VENTURA et al., 2018). 

      Diante disso, surge o questionamento quanto a qualidade de vida do idoso acometido pela DA. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a saúde é tida como completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença (OMS, 1946). O idoso com DA precisa de uma manutenção de saúde que garanta seu bem-estar atrelado a atividades cotidianas desde alimentação até o repouso, para poder garantir a possibilidade de viverem a própria vida, promovendo o máximo de conforto. Quando a sociedade entende a importância do contexto familiar e social para essas pessoas, a possibilidade de viver a própria vida é otimizada. Desse modo, faz-se importante o cuidado com a pessoa idosa acometida pela DA.

      Por fim, além do cuidado, vale ressaltar que a prevenção pode reduzir o risco de incidência. Pessoas que possuem histórico familiar relativo à doença podem diminuir as chances de desenvolver o Alzheimer mudando o estilo de vida. A alimentação é um ponto importante na prevenção de declínios cognitivos. A inserção de frutas, vegetais, pão, trigo e outros cereais, azeite, peixe e vinho tinto pode diminuir tais chances (CARDOSO; PAIVA, 2017). Atrelado a isso, o engajamento social é fundamental, pois pessoas que estão ricamente engajadas na sociedade possuem uma menor predisposição ao desenvolvimento da DA. Atividades físicas e de lazer contribuem fortemente para essa diminuição, bem como o convívio com pessoas que as consideram importante possuem efeito positivo sobre a saúde, mental e física, podendo assim reduzir o estresse e as tendências depressivas (QUEIROZ et al., 2014).

      É visível que a DA necessita além do cuidado, a presença, dedicação e comprometimento do familiar/cuidador, que precisa desenvolver habilidades para melhorar a qualidade de vida do idoso, associado ao desenvolvimento de um plano de cuidados, por equipe multiprofissional, que considere a individualidade e especificidades de cada idoso, bem como condições e contexto familiar. 

REFERÊNCIAS:
DA COSTA DE ASSIS, Cintia Raquel; LEITE FUNCHAL CAMACHO, Alessandra Conceição. QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA REVISÃO INTEGRATIVA. Journal of Nursing UFPE/Revista de Enfermagem UFPE, v. 10, 2016.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Alzheimer: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. 2019. Disponível em: <http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/alzheimer>. Acesso em: 21 set. 2019.
Brasil. Portaria SAS/MS nº 1.298, de 21 de novembro de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de Alzheimer. Brasília: MS; 2013.
CARDOSO, Sofia Alves; PAIVA, Isabel. Nutrição e Alimentação na prevenção e terapêutica da Demência. Acta Portuguesa de Nutrição, n. 11, p. 30-34, 2017.
DE QUEIROZI, Ronaldo Bezerra et al. Cuidados paliativos e Alzheimer: concepções de neurologistas. 2014.
ILHA, Silomar et al. Doença de Alzheimer na pessoa idosa/família: Dificuldades vivenciadas e estratégias de cuidado. Escola Anna Nery, v. 20, n. 1, p. 138-146, 2016.

Organização Mundial da Saúde. Constituição da Organização Mundial da Saúde. Geneva: OMS, 22 de julho de 1946. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/149875/1/WHA31_38_eng.pdf?ua=1.
NITZSCHE¹, Bárbara Oliveira; DE MORAES¹, Helena Providelli; JÚNIOR, Almir Ribeiro Tavares. Doença de Alzheimer: novas diretrizes para o diagnóstico. Rev Med Minas Gerais, v. 25, n. 2, p. 237-243, 2015.
VENTURA, Hemmily Nóbrega et al. Saúde do idoso com doença de Alzheimer: revisão integrativa. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental, p. 941-944, 2018.
Texto elaborado pela acadêmica de Enfermagem Maria Rafaela Dias de Freitas e pela professora Dra. Fabiana Ferraz Queiroga Freitas. 

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