Câncer de mama na terceira idade
O aumento da expectativa de vida traz consigo o aumento da população idosa, podendo ocasionar no maior número de doenças crônicas, em virtude do processo de envelhecimento humano, o que, ao longo da vida aumenta a probabilidade de doenças cancerígenas.
FONTE: https://www.griswoldhomecare.com/blog/national-breast-cancer-awareness-month-benefits-limitations-of-mammograms |
O câncer de mama é uma das maiores causas de óbito na população feminina, sendo este, também, o tipo mais corriqueiro de câncer feminino. A doença pode ter um prognóstico positivo quando descoberto na fase inicial, porém na maioria dos casos, o diagnóstico tardio decorre da falta de controle para rastreamento de casos, associado a limitações em serviços de atenção a saúde que viabilizem o exame clínico das mamas e incentivem o autoexame (MENEZES; SOUSA; PEREIRA, 2015), sobretudo na população idosa.
A etiologia dessa doença, que pode afetar todas as fases da vida, ainda é uma incógnita, contudo, vem sendo discutido pela comunidade científica que a doença pode ser influenciada por fatores próprios do indivíduo, como a hereditariedade e atividade ovariana, bem como fatores externos e ambientais, como consumo alimentar e utilização de fármacos. Além disso, considera-se a idade como fator de risco para o aparecimento de neoplasias mamárias, assim como localização geográfica, consumo de álcool, utilização de contraceptivos orais e a terapia de reposição hormonal (REIS; BRITO, 2014).
A incidência do câncer de mama aumenta proporcionalmente com a idade, a probabilidade de ser diagnosticado neoplasia mamária em uma mulher de 30 anos de idade, é de uma em cada 2212 mulheres, já em mulheres com 60 anos é de uma em cada 23, e com mais de 80 anos de idade, aparece um caso em cada 8 mulheres. As alterações no sistema imunológico podem ser responsáveis pelo crescimento de câncer mamário em mulheres acima de 60 anos de idade, tendo em vista que este tende a ficar mais comprometido com envelhecimento (VOLLBRECHT et al., 2016).
Nessa conjuntura, para um melhor prognóstico e qualidade de vida, é necessário o rastreamento precoce da neoplasia entre as mulheres idosas. Sabe-se que a detecção precoce tem sido eficaz, porém ainda existe uma parcela considerável de detecções no estágio avançado da doença, o que contribui com elevadas taxas de óbitos por câncer de mama nesse grupo etário, provavelmente em face ao diagnóstico tardio.
Para obter redução da mortalidade, a melhor forma de detectar é pelo rastreamento e diagnóstico precoce da doença, por meio de prevenção secundária, tendo em vista que é onde se concentra maior parte das ações preventivas. Diante as formas mais eficientes para descoberta da doença na fase inicial da doença, estão o exame clínico de mama (ECM) e a mamografia, além do autoexame das mamas (AEM), porém ele sozinho não é incentivado como estratégia única para detecção, e sim uma forma de conhecimento do corpo, que por sua vez ao encontrar algo fora da normalidade, as outras formas de detecção devem ser acionadas (GONÇALVES et al., 2017). Outra maneira de prevenir, é através da prevenção primária, que requer intervenções no estilo de vida, como alimentação saudável, prática regular de atividade física, e manutenção do peso ideal. Estima-se que 30% dos casos câncer de mama podem ser evitados quando tais medidas são tomadas (BRASIL, 2014).
No Brasil é recomendado pelo Sistema Único de Saúde e pelo Instituto Nacional de Câncer que mulheres com a partir dos 40 anos realizem anualmente o exame clínico das mamas e exame mamográfico, e para aquelas de 50 a 69 anos de idade, a cada dois anos (BRASIL, 2014). Porém, o Colégio Brasileiro de Radiologia, da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia sugere que a mamografia seja realizada em todas as mulheres entre 40 e 69 anos anualmente, e para mulheres acima de 70 anos a recomendação é que seja exame anual para aquelas que apresentam expectativa de vida maior que 7 anos, tendo em vista as comorbidades, e também para aquelas que tenham condições de investigação invasiva depois de um rastreamento anormal (URBAN et al, 2012).
Além da realização precoce desses exames como forma de rastreamento, vale salientar que possibilitar um envelhecimento saudável é fundamental para que a pessoa idosa mantenha sua autonomia e independência, portanto, é essencial incentivar a busca por serviços de atenção à saúde que viabilizem o cuidar na perspectiva da prevenção do câncer de mama, bem como incentive a participação social da mulher idosa a fim de manter sua saúde mental e proatividade frente ao seu processo de autocuidado, estimulando o consumo alimentar saudável associado a prática de atividades físicas moderadas e regulares, e redução no consumo de álcool e tabaco.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da
Silva. Coordenação de Ações Estratégicas. Coordenação de Prevenção e
Vigilância. Estimativa 2014 – incidência de câncer no Brasil. Rio de
Janeiro, 2014.
GONÇALVES,
C. V. et al. O conhecimento de mulheres sobre os métodos para prevenção
secundária do câncer de mama. Ciência & Saúde Coletiva, 22, p.
4073-4082, 2017.
MENEZES,
N. S.; SOUSA, F. S.; PEREIRA, V. M. O. Conhecimento de idosas acerca do câncer
de mama na terceira idade: uma revisão sistemática. Anais V Congresso Internacional de Envelhecimento Humano
(CIEH). Longevidade:
Transformações, impactos e perspectivas. Campina Grande, Paraíba, v. 2, n.1.
Setembro, 2015.
REIS,
L. A.; BRITO, A. Q. Caracterização das condições sociodemográficas e de saúde
de mulheres idosas com câncer de mama. Revista Eletrônica de Psicologia,
Educação e Saúde, v. 2, p. 60-6, 2014.
URBAN, L. A. B. D. et al. Recomendações do Colégio
Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, da Sociedade Brasileira de
Mastologia e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia para rastreamento do câncer de mama por métodos de imagem. Radiol
Bras, São Paulo, v. 45, n. 6, p. 334-339, 2012.
VOLLBRECHT,
B. et al. Perfil de risco imunológico de idosas com câncer de mama: os
primeiros 37 casos. Sci Med, v. 24, n. 3, p. 224-228, 2014.
Texto elaborado pela acadêmica de Enfermagem Maria Rafaela Dias de Freitas e pela professora Dra. Fabiana Ferraz Queiroga Freitas.
Texto elaborado pela acadêmica de Enfermagem Maria Rafaela Dias de Freitas e pela professora Dra. Fabiana Ferraz Queiroga Freitas.
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