Como a endometriose afeta a qualidade de vida das mulheres

A endometriose é uma doença inflamatória crônica determinada pela presença de células endometriais fora da cavidade uterina, esse fator pode causar grande impacto na vida das mulheres, atualmente a doença acomete cerca de 70 milhões de mulheres mundialmente, e no Brasil foram notificadas mais de 70 mil internações por endometriose nos anos de 2009-2013 (POGDAEC; TRINDADE; MELO, 2014).
Fonte: https://www.leforte.com.br/como-tratar-endometriose/
A confirmação diagnóstica da doença pode afetar em vários âmbitos: físico, psicológico, sexual, emocional e interferir na vida profissional. A sintomatologia frequentemente apresentada pela maioria das mulheres portadoras se refere a: dor intensa no período menstrual, a dor pélvica também pode estar presente fora do período menstrual, dor durante as relações sexuais, dificuldade para engravidar e a impossibilidade de realizar suas tarefas diárias em razão da dor (BOURDEL et al. 2014).
Esses fatores podem gerar uma incapacidade por muitas vezes em decorrência do diagnóstico tardio da doença, podendo gerar infertilidade, aborto, afetar no convívio social, no trabalho, e causar uma grande frustração as mulheres (OLIVEIRA; ZYLBERBERG, 2018).
A endometriose pode acometer mulheres em diversas fases da vida em seu período de vida fértil, com exceção de casos isolados, em que ocorre de forma mais precoce ou tardiamente, geralmente acontece em mulheres em torno de trinta anos, mas atualmente é bastante comum em adolescentes. (PODGAEC, 2014).
Na adolescência a doença esta relacionada a anomalias congênitas do aparelho genital, no exame clínico um fator bem característico é a permanência das cólicas mesmo com o uso de medicamentos antiinflamatórios.
A abordagem deverá ser individualizada visando todos os aspectos da mulher e suas necessidades, o tratamento medicamentoso inicial refere ao uso de estroprogestativos e Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINES) durante os três primeiros ciclos menstruais. Agonistas do Hormônio liberador de Gonadotrofina (GnRh) é outra terapêutica utilizada em jovens maiores de 16 anos que não respondem as terapias anteriores e com diagnóstico já confirmado, e sempre incluindo a ingestão de cálcio e vitamina D, monitorizado através da densitometria a densidade mineral óssea, não deve ser usado de forma periódica, sendo indicados também em alguns casos o tratamento cirúrgico, a laparoscopia. A utilização de hormônios deve ser avaliada em relação a possibilidade de uso, considerando o perfil de efeitos colaterais e histórico familiar (CARVALHO et al 2016).
A terapêutica não restringe somente aos medicamentos, é importante a associação da psicoterapia no tratamento, pois toda essa dependência causada pela doença pode afetar significativamente e em vários fatores a qualidade de vida dessas mulheres. O tratamento deve ser feito de forma integrada, visando todos os aspectos e necessidades, o acompanhamento deve acontecer de forma contínua.
É importante ressaltar que a aceitação do tratamento é essencial, por se tratar de uma doença crônica, o objetivo é minimizar o desconforto e melhorar a qualidade de vida, o profissional deve motivar a mulher portadora a participar de atividades que colaborem com a sua saúde, evitar o consumo de álcool, manter uma dieta equilibrada, um estilo de vida saudável, explicar e orientar essas mulheres a entender o problema e como podem amenizar os sintomas da doença.


Referencias Bibliográficas

BOURDEL N., et al. Systematic review of endometriosis pain assessment: how to choose a scale? Human Reproduction Update. 2014;21:136-152. 

CARVALHO, M. J. et al. Endometriose: recomendações de consenso nacionais - tratamento médico. Acta Obstet Ginecol Port [online]. 2016.

OLIVEIRA, D. S, ZYLBERBERG, T. P., Desentrelaçando a endometriose: um relato de experiências (projeto mulheres e novelos: por mais corpos com saúde e menos dor, Encontros Universitários da UFC, Fortaleza, v. 3, 2018.

PODGAEC, S.; MELO, N. R.; TRINDADE, E. S. Endometriose - Coleção Febrasgo. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

PODGAEC, S., Manual de endometriose / Sérgio Podgaec. -- São Paulo : Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2014.


Texto elaborado pela acadêmica de enfermagem Janielle Tavares Alves e orientado pela Professora Mestra Maria Berenice Gomes Pinheiro

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Estratégia saúde da família: porta preferencial para a resolubilidade das demandas apresentadas na comunidade

Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares a relação com as práticas no âmbito da Atenção Básica