Quedas: a sexta causa de morte em idoso no Brasil
A crescente expectativa de vida da população
tem demonstrado grande aumento no número de idosos, mas a crescente da
qualidade de vida não vêm seguindo no mesmo ritmo, o que reflete nas condições
de saúde, morbidade e limitações funcionais. Devido a isso, o Brasil encontra
um importante desafio: promover o bem-estar e qualidade de vida para esses
idosos, e assim, conseguir que eles vivam com autonomia e independência,
auxiliando-os nos processos de redescoberta dessas possibilidades (LANA,
SCHNEIDER; 2014).
Com o envelhecimento, mudanças fisiológicas e
morfológicas vão ficando evidentes, ocasionando complicações na sua saúde. Uma
dessas complicações é a queda, que se define como um deslocamento não intencional
do corpo a um nível inferior à sua posição inicial, comprometendo a
estabilidade postural, podendo causar deterioração funcional, ampliar a
hospitalização e utilização dos serviços de atenção à saúde e, muitas vezes,
contribuindo com o processo de institucionalização (ARAÚJO et al; 2016).
No momento em que ocorre o
deslocamento não intencional do corpo, a pessoa não consegue corrigir esse movimento que o leva
ao chão. Essa problemática se configura um relevante problema de saúde pública,
considerando elevada sua incidência, mortalidade, morbidade, custos sociais e
econômicos. A queda, evento comum e temido pela maioria dos idosos, é a
sexta causa de morte entre pessoas com 65 anos ou mais, onde os eventos não fatais
incluem o medo de cair novamente, insegurança, incapacidade funcional e
institucionalizações (OMS, 2010; BRASIL, 2011).
Quando presente, a
ocorrência de quedas pode limitar a independência e a autonomia do idoso,
dificultado o desenvolvimento das atividades básicas e instrumentais de vida
diária, aumentado, portanto, sua dependência. Essa ocorrência pode
relacionar-se a fatores de
risco intrínsecos ou extrínsecos.
Os fatores de risco intrínsecos são
relacionados as alterações fisiológicas decorrentes do processo de
envelhecimento, como por exemplo doenças incapacitantes (labirintites, fraqueza
muscular e até mesmo a síndrome da fragilidade), comorbidades de base e consumo
de medicamentos; enquanto os fatores de risco extrínsecos, estão relacionados aos
perigos ambientais, como as inadequações arquitetônicas e de mobiliário
(presença de escadas e/ou degraus, tapetes, iluminação inadequada, piso
escorregadio e banheiros sem adaptação), presença de animais domésticos no
ambiente domiciliar, além da utilização de calçados inapropriados (NASCIMENTO, JS; TAVARES, DMS; 2016).
Assim, faz-se necessária atenção redobrada dos familiares/cuidadores de
idosos, a fim de minimizar a existência desses fatores de risco, além de ser importante
um planejamento estrutural domiciliar, na perspectiva de possibilitar
acessibilidade segura a todo o ambiente domiciliar do idoso.
Esse planejamento compreende a conscientização de familiares e
cuidadores acerca das consequências da queda. Os cuidadores precisam ser
capacitados a lidar com o cuidado e a prevenção de quedas, atentando-se para o
ambiente domiciliar, na tentativa de adaptá-lo as especificidades da pessoa
idosa. Em muitos países, são feitas visitas de
avaliação da segurança das casas, medida que tem se mostrado eficaz para
identificar os fatores de risco que podem aumentar o risco de quedas (OMS,
2010).
Frente às consequências desagradáveis e até mesmo a antecipação da
morte, essa problemática, precisa ser mais discutida entre os diversos
segmentos sociais, por configurar um grave problema de saúde pública, que
necessita de contínua avaliação dos fatores que colocam a pessoa idosa em risco
de cair.
REFERÊNCIAS
DE ARAÚJO, E.C. et al. Preocupação com quedas em pessoas idosas
atendidas em um Centro de Atenção Integral. Revista Eletrônica de Enfermagem. V. 18, 2016. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fen/article/view/39899/21989
BRASIL. Ministério da
Saúde. Saúde Brasil 2011: uma análise da
situação de saúde e de evidências selecionadas de impacto de ações de vigilância
em saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde. 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_brasil_2011.pdf
FRIED, L.P. et al. Frailty in
older adults: evidence for a phenotype. J
Gerontol A Biol Sci Med Sci. V.56, n.3, p.146-156. 2001.
LANA L.D, SCHNEIDER R.H. The
frailty syndrome in elderly: a narrative review. Revista Brasileira de Geriatria e
Gerontologia. V. 17, n. 3, p. 673-680. 2014.
NASCIMENTO, J.S; TAVARES, D.M.S. Prevalência e fatores
associados a quedas em idosos. Texto & Contexto-Enfermagem. V.
25, n. 2. 2016.
Organização Mundial da
Saúde. Relatório global da OMS sobre
prevenção de quedas na velhice. DE CAMPOS, L.M, tradutora. São Paulo: Secretaria
de Estado da Saúde, 2010.
Texto elaborado pelo acadêmico de Enfermagem Bruno Freire Braun Chaves e pela professora Dra. Fabiana Ferraz Queiroga Freitas.
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