Drama invisível: depressão e suicídio em idosos institucionalizados


Um assunto de relevância global, alvo de inúmeros debates recentes, é o suicídio, inegavelmente um grave problema de saúde pública, mas que possui um amplo campo de discussão e reflexão ainda, a pessoa idosa. O suicídio em si na perspectiva social se trata da principal causa de morte violenta na população geral. Em que, a Organização Mundial de Saúde (OMS), traz que as tentativas de suicídio na população idosa constituem um sério problema de saúde pública (FRANCO, 2018).


(FONTE: https://www.notibras.com/site/wp-content/uploads/2019/07/av%C3%B4-gay.jpg)



Ao passo que a população em seu todo passa por uma transição populacional e epidemiológica, com o aumento crescente do contingente de idosos na população geral tanto dos países desenvolvidos, como dos em desenvolvimento, caso do Brasil, o suicídio passa a ser um problema de saúde cada vez mais relevante, merecedor de atenção especial e reflexiva no tocante aos idosos (SANTOS, 2017).

A vida do idoso, suas de histórias de vida, são a base que permite a observação acerca do comportamento suicida de pessoas idosas institucionalizadas. Se constituindo não somente como um ato isolado no tempo, mas sim de um longo percurso existencial onde, ao final, resulta em sua maioria, na dor, tristeza e desesperança por estar em determinado ambiente, culminando na escolha da morte como única solução para o sofrimento vivenciado, tido como insuportável, criando assim, a necessidade de um olhar atento ao no modelo biopsicossocial que permeia a vida do idoso, por congregar aspectos sociais, psicológicos e orgânicos, importantes para os cuidados de qualquer indivíduo e que necessitam ser compreendidos (FERRAIUOLI, 2017).

Portanto, essas ideias e/ou tentativas nos dizem muito mais sobre a vida que da morte, ressaltando assim como a sociedade tende a lidar mesmo que inconscientemente, de modo individualista, representada pela família que se mostra ausente, transborda de um silêncio que deveria incomodar, mas acaba por espalhar uma sensação cômoda, ignorando a responsabilidade social diante do irreversível envelhecimento populacional e que traz consigo os mesmos males da população mais jovem (MINAYO, 2017).

Consequentemente, para o idoso, a institucionalização, como traz Minayo (2016), durante o processo de adaptação as normas, novo modo de vida, sensação de estar entediado pode ser potencializada frente a vivência da institucionalização, quando se contraria a vontade do idoso, justamente pelo fato deste ter sua liberdade restringida.

Com isso, as novas vivências irão refletir o mundo interior e exterior da pessoa idosa, tornando possível o surgimento de comportamentos suicidas, quando alguns problemas mentais vêm a torná-las vulneráveis, como é o caso da depressão, culminando em tédio, medo, solidão e sensação de abandono, além do transtorno de humor, perda de interesse, de energia e de prazer pela vida, tristeza profunda, negatividade, desesperança e pensamentos sobre a morte, podendo chegar a ser uma patologia de extrema gravidade, considerada uma das mais presentes formas de mal-estar contemporâneo entre os idosos.

Referências:

FERRAIUOLI, C. et. al. O outro lado da “melhor idade”: depressão e suicídio em idosos. Persp. Online: hum, e sócias aplicadas. V.18, n. 7, p. 43 – 53. Campo dos Goytacazes, 2017.

FRANCO, M. G. et. al. O suicídio entre os idosos e as políticas públicas de prevenção. Unisanta law and social Science. V. 7, n. 3, pp. 294 – 297, 2018.

MINAYO, M. C. de S., et. al. O comportamento suicida de idosos institucionalizados: histórias de vida. Physis. V. 27, n. 4, p. 981-1002, Rio de Janeiro, Dez. 2017.

MINAYO, M. C. de S., et. al. Tédio enquanto circunstância potencializadora de tentativas de suicídio na velhice. Estudos de Psicologia. V. 21, n. 1, p. 36-45, jan -  mar, 2016.

SANTOS, M. A. dos. Câncer e suicídio em idosos: determinantes psicossociais do risco, psicopatologia e oportunidades para prevenção. Ciênc. saúde coletiva. V. 22, n. 9, p. 3061-3075, Rio de Janeiro, Set. 2017.

Texto elaborado pelo acadêmico de Enfermagem Gustavo de Souza Lira e pela Dra. Fabiana Ferraz Queiroga Freitas

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Contate-nos

A inserção de atividades sobre habilidades sócio emocionais nas escolas em tempo integral

O impacto do racismo estrutural na resposta ao HIV/AIDS