Vulnerabilidade de mulheres lésbicas às infecções sexualmente transmissíveis


O termo vulnerabilidade quanto à saúde é a possibilidade que uma pessoa tem de se expor ao adoecimento agravos e eventos atrelados à saúde, bem como dificuldades de acesso aos serviços de saúde. Em mulheres lésbicas a vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis (IST) está alinhada a questões que se perduram até os dias atuais como visibilidade social e política, diferença de gênero, padrão heteronormativo, despreparo profissional e o próprio desconhecimento sobre questões relativas à prevenção das IST, assim como é um assunto ainda pouco presente na literatura científica.
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 Para Rufino et al. (2018) há um grande número de dados que apontam acerca da dificuldade de acesso e experiências negativas durante a assistência de saúde a mulheres homoafetivas, onde fatores como estruturais, financeiros, culturais afetam a qualidade da assistência, fazendo com que muitas deixem de buscar pelos serviços. Ainda estudos de Garcia et al. (2016) trazem que segundo dados brasileiros ocorre ainda em unidades de saúde atendimento de condutas inadequadas, constrangedoras, discriminatórias, ofensas verbais advindas dos próprios provedores de saúde, gerando insegurança nesses indivíduos e as levando a evitarem os atendimentos em saúde.

Agregando as discussões Takemoto et al. (2019), mencionam que os piores resultados de saúde e o pior acesso aos cuidados de saúde estão voltados para as minorias sexuais, devido a discriminação, cuidados desrespeitosos, falta de capacitação dos profissionais para lidar com essa população e atitudes negativas advindas de prestadores de cuidados em relação a orientação sexual divulgada.

Assim muitas mulheres ficam apreensivas em relatar sobre sua orientação sexual ao profissional devido ao preconceito existente. No entanto para Taquette e Rodrigues (2015) é de suma importância que o profissional tenha conhecimento sobre a saúde sexual e reprodutiva da mulher lésbica, visto que apresenta especificidades, que muitas vezes passam despercebidas nos serviços de saúde, sendo assim suas vulnerabilidades em relação à saúde podem ser bem identificadas quando se tem o conhecimento acerca das práticas sexuais.

Takemoto et al. (2019) ainda diz que em todo o mundo as lésbicas têm menos exames de papanicolau, IST, AIDS, visitas ao ginecologista, os próprios profissionais as classificavam como grupo fora de risco, dessa forma sem haver uma maior atenção a saúde das mesmas. Pela falta de ações voltadas as lésbicas, muitas não têm conhecimento acerca de métodos preventivos, incentivo para buscarem com uma maior frequência por unidades de saúde, assim se tornando mais vulneráveis às IST.

Podendo ressaltar ainda que, em decorrência da falta de capacitação dos profissionais, muitos deles não realizam determinados exames na mulher lésbica por pensarem que a mesma não contrai infecções, pelo fato de não haver penetração durante o ato sexual. No entanto as homoafetivas ao fazerem do uso de objetos sexuais, não uso de preservativos, contato de mucosas podem contrair infecções do tipo HPV (Papiloma vírus Humano), AIDS, herpes, dentre outras.

Sendo assim para que se tenha um atendimento ideal para essas mulheres é necessário um ambiente acolhedor, comunicação eficiente entre o paciente e profissional, capacitação dos provedores de saúde, para que a partir do momento que se tenham um maior conhecimento sobre a saúde das mulheres lésbicas poderão oferecer um atendimento digno e de qualidade.

Assim como um maior investimento em ações de educação em saúde, onde a mulher poderá saber acerca dos métodos de prevenção, empoderando-se e tornando sujeito ativo no seu autocuidado, como também buscando com maior frequência as unidades básicas para realização de exames de prevenção.

REFERÊNCIAS

GARCIA, Cíntia de Lima et al . Health of sexual minorities in north-eastern Brazil: representations, behaviours and obstacles. J. Hum. Growth Dev. ,  São Paulo ,  v. 26, n. 1, p. 95-100,   2016 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822016000100014&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  13  out.  2019.  http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.110985.

TAKEMOTO, Maira Libertad Soligo et al. Prevalence of sexually transmitted infections and bacterial vaginosis among lesbian women: systematic review and recommendations to improve care. Cad. Saúde Pública,  Rio de Janeiro ,  v. 35, n. 3,  e00118118,    2019 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2019000302001&lng=en&nrm=iso>. access on  12  Oct.  2019.  Epub Mar 25, 2019.  http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00118118.

TAQUETTE, Stella Regina; RODRIGUES, Adriana de Oliveira. Experiências homossexuais de adolescentes: considerações para o atendimento em saúde. Interface (Botucatu),  Botucatu ,  v. 19, n. 55, p. 1181-1191,  dez.  2015 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832015000401181&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  12  out.  2019.  Epub 21-Ago-2015.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622014.0504.

RUFINO, Andréa Cronemberger et al . Práticas sexuais e cuidados em saúde de mulheres que fazem sexo com mulheres: 2013-2014. Epidemiol. Serv. Saúde,  Brasília ,  v. 27, n. 4,  e2017499,    2018 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237- 96222018000400302&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  12  out.  2019.  Epub 08-Nov-2018.  http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742018000400005. 

Texto elaborado pela acadêmica de Enfermagem Açucena de Farias Carneiro e pelo professor Dr. Marcelo Costa Fernandes



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